terça-feira, 6 de agosto de 2013

Estudo do IPEA apresenta mapa dos homicídios ocultos


Pesquisa indica que as estatísticas oficiais não foram capazes de identificar, entre 1996 e 2010, a causa de 174 mil mortes violentas

Cerca de 8.600 homicídios por ano no Brasil são classificados erroneamente como mortes violentas com causa indeterminada. Esses são dados do Texto para Discussão nº 1848, intitulado Mapa dos Homicídios Ocultos, de autoria de Daniel Cerqueira, diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Diest/Ipea). O trabalho estima o número de homicídios não reconhecidos em cada unidade federativa, a partir de mortes violentas classificadas como “causa indeterminada”.

A pesquisa reconhece que o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) é um patrimônio nacional que deve ser preservado, por ser a única fonte de informação confiável, com cobertura nacional, periódica e transparente, que permite a aferição dos eventos violentos com desfechos fatais. Com base no SIM, foram analisadas as características socioeconômicas e situacionais associadas às quase 1,9 milhões de mortes violentas ocorridas no país entre 1996 e 2010. De acordo com a pesquisa, o Estado não foi capaz de identificar, no período, a causa do óbito em 9,2% dos casos, número que corresponde a 174 mil vítimas. 74% dessas mortes não identificadas se tratavam de homicídios.

Estados como Rio Grande do Norte e Sergipe, cujos registros oficiais reconheceram o aumento de homicídios, no período, de 176,6% e 127,7%, respectivamente, tiveram, na realidade uma melhora nos registros. Por isso, nas estimativas do mapa, o tal crescimento foi de apenas 40,1% e 4,5%. Por outro lado, algumas unidades federativas apresentaram aumento das mortes violentas cuja intenção não foi determinada. O fenômeno pôde ser observado, por exemplo, no Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Roraima, Minas Gerais e São Paulo.

Os resultados revelam que a taxa de homicídios no Brasil é, na verdade, 18,3% superior aos números presentes nos registros oficiais. Estima-se que, em 2010, o país tenha superado a marca anual de 60 mil óbitos por agressão.

Leia o ´Texto para Discussão nº 1848 - Mapa dos Homicídios Ocultos no Brasil´ 

"Amarildo não é um caso isolado", diz especialista da Anistia Internacional


Em 20 anos, 90 mil pessoas desapareceram no Brasil, segundo cálculos da ONG de direitos humanos. 

Distante da sociedade, polícia brasileira é despreparada e violenta, afirma assessor de direitos humanos da Anistia.


O caso do pedreiro Amarildo de Souza, recentemente desaparecido na favela da Rocinha, é um exemplo da "cultura de brutalidade" da polícia brasileira, avalia o assessor de direitos humanos da Anistia Internacional no Brasil, Maurício Santoro.

Em entrevista à DW Brasil, o especialista destacou que milhares de pessoas desapareceram no Brasil 90 mil somente nos últimos 20 anos e que o caso do pedreiro só chamou a atenção por acontecer num momento em que a sociedade está mobilizada.

Não fosse o contexto atual de protestos no país, Amarildo simplesmente teria entrado nas estatísticas "como mais um homem negro e pobre, que é morto e desaparece", diz Santoro. O caso "exemplifica de modo trágico os principais dramas e contradições da política de segurança pública do Rio de Janeiro", considera.

Fonte: O Povo online

http://www.opovo.com.br/app/maisnoticias/mundo/dw/2013/08/06/noticiasdw,3105875/amarildo-nao-e-um-caso-isolado-diz-especialista-da-anistia-internacional.shtml

Onde está Amarildo?
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2013/08/06/onde-esta-amarildo-por-eliane-brum-505904.asp

sábado, 27 de julho de 2013

Na vigília Papa estimula jovens a serem protagonistas da História

JMJ Papa Francisco no Brasil

O papa Francisco afirmou, em discurso durante a Vigília de Oração na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, na noite deste sábado (27) que a transferência dos eventos do Campus Fidei, montado em Guaratiba, no extremo oeste da cidade, para Copacabana pode ser um recado de Deus.

"Bom, penso que nós podemos aprender alguma coisa do que aconteceu esses dias: como nós tivemos que cancelar, por causa do tempo, a realização dessa vigília no Campus Fidei (Campo da Fé), Guaratiba. Não estaria o Senhor querendo nos dizer que o verdadeiro Campo da Fé não é um lugar geográfico, mas sim nós mesmos? Sim, cada um de nós, cada um de vocês e ser discípulo missionário significa saber reconhecer que somos o campo da fé de Deus", afirmou.

No final do pronunciamento, voltou a falar dos protestos protagonizados pela juventude. ?Eu acompanho as notícias nos jornais e vejo que muitos jovens saíram em várias regiões do mundo pedindo mudança. Os jovens nas ruas, vocês têm de ser protagonistas, vocês têm de superar a apatia e oferecer uma resposta cristã para as inquietações sociais. Que se envolvam em um trabalho pelo mundo melhor. Não sejam covardes, se metam, saiam às ruas, como fez Jesus.?

E encerrou resumindo o teor do discurso. "Queridos amigos, vocês são o campo da fé, os atletas de cristo,os construtores de uma Igreja mais bonita."

Fonte UOL

http://noticias.uol.com.br/album/2013/07/12/jornada-mundial-da-juventude-2013.htm#fotoNavId=pr10518070

http://oglobo.globo.com/rio/leia-na-integra-discurso-do-papa-na-cerimonia-de-vigilia-9227867
                               


Análise: Papa Francisco fala dos esquecidos em seus discursos

O recado do papa Francisco foi claro: a misericórdia é a atitude da hora! Sua visita à comunidade de Varginha toca em cinco chagas que machucam o corpo dos pobres nas periferias urbanas.

Ele fala aos esquecidos. Revela como sanar as dores centenárias impostas pela elite. Faz discurso profético e sapiencial. Vemos no papa a força de dom Helder Câmara e o amor preferencial de dom Luciano Mendes de Almeida. 

Francisco unge o pobre com o óleo santo da verdadeira revolução. Sem magia nem oportunismo. Arranca os crucificados da cruz convocando-os a viver a sua própria ressurreição cidadã.

A primeira chaga nas mãos brasileiras é que existe gente insensível às desigualdades no mundo! A injustiça social fabricada e mantida por grupos econômicos e políticos nega a pessoa humana e invisibiliza os empobrecidos.

A segunda ferida a rasgar a nossa carne é a cultura do descartável, que segrega e confina milhões de pobres em favelas e cortiços, em injusto apartheid de periferias, chamadas pelo papa Paulo 6º de nova "coroa de espinhos" nas cidades.


A terceira dor que machuca demais é quando muitos, inclusive no Congresso Nacional, ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação. Um pilar nevrálgico hoje negado aos pobres é o direito à segurança, já que a violência rouba a vida dos jovens e dos pobres. 

A quarta chaga que perfura os pés dos brasileiros é a corrupção dos que procuram o seu próprio benefício desfigurando a verdadeira ação política. Esta é a chaga histórica que atrasa a vida da pátria.

A última chaga que abre o peito do pobre é a solidão e a falta de organização articulada da sociedade civil. Aí reside a fraqueza dos pobres, que pode transformar-se em sua força: um feixe de varinhas frágeis é bem difícil de quebrar.

O papa Francisco toca nossa carne e nossa alma. Fala ao coração entrando na casa do pobre, ao descobrir nosso segredo tupiniquim: sempre tem lugar na mesa para quem sabe repartir o pão.

Sempre se pode "colocar mais água no feijão"! Toda verdadeira mudança começa por dentro e por baixo, na fé e na amizade. Na companhia de Jesus e Francisco: "Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês."


Fernando Altemeyer Junior, mestre em teologia e doutor em ciências sociais, é professor de ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 

Fonte Folha

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1317037-analise-papa-francisco-fala-dos-esquecidos-em-seus-discursos.shtml

Papa Francisco aclamado no Brasil

Papa cita racismo e intolerância religiosa e corrupção como "cruzes do mundo ´

 O papa Francisco fez referência ao racismo, à intolerância religiosa e às vítimas da boate Kiss em seu discurso logo após a Via Sacra, um dos atos centrais da Jornada Mundial da Juventude, na noite desta sexta-feira (26), em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.

"Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e ministros do Evangelho", disse

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/07/26/papa-cita-racismo-intolerancia-religiosa-e-vitimas-da-violencia-como-cruzes-que-mundo-atual-carrega.htm

Fonte: UOL

Papa Francisco em encontro com a comunidade argentina

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1317037-analise-papa-francisco-fala-dos-esquecidos-em-seus-discursos.shtml


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Jornada Mundial da Juventude Rio 2013

Historiadores observam acentuado sentido político e social nos discursos do Papa Francisco

O historiador Oswaldo Munteal, destacou também a fé nos jovens que o papa transmite em seus discursos, embora cobrando que esses jovens “botem também fé no Cristo. O caminho é de mão dupla”. Para o professor, o papa está deixando claro que os jovens podem expor suas ideias por meio de manifestações, mas que esses devem ser posicionamentos feitos dentro da ordem política.

Outro ponto de destaque nas mensagens do papa é a postura antidrogas, avaliou o professor. O discurso, repetido em duas ocasiões no país, aponta que a discussão em torno da liberalização das drogas, que está ganhando espaço na América Latina, não resolve o problema. A Igreja se posicionou contrária a essa política.


Uma mensagem do papa Francisco apontada como importante pelo historiador Oswaldo Munteal é a “limpeza” que ele está fazendo dentro da Igreja Católica, incluindo casos de agressões, de violação dos direitos humanos em relação aos próprios eclesiásticos. “O que o papa está dizendo é o seguinte: eu quero também ver na sociedade a faxina que nós estamos fazendo internamente. Acho que isso serve para a discussão da ética, que está tão em voga, mas de uma maneira em que o papa não se indispõe com os governos locais”. Ao contrário, disse, os discursos do papa têm sido feitos no sentido de reforçar os governos locais.

Fonte: Agência Brasil

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1316803-analise-fala-do-papa-vai-na-contramao-de-dilma.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1316880-cerca-de-1-mi-de-fieis-foram-ver-o-papa-em-copacabana-estima-organizacao.shtml

Papa alerta para ídolos passageiros: dinheiro e poder

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/papa-alerta-para-idolos-passageiros-em-primeira-missa-na-america-latina-8585.html

Historiadores observam acentuado sentido político e social nos discursos do Papa Francisco

Rio de Janeiro - O historiador e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), André Chevitarese, disse hoje (25) à Agência Brasil, estar “particularmente surpreso” com os discursos feitos até agora pelo papa Francisco no Rio de Janeiro, onde participa da Jornada Mundial da Juventude, e em Aparecida.

Na análise de Chevitarese, são discursos muito acentuados do ponto de vista social e econômico. “De alguma maneira, nós estamos percebendo uma certa quebra em um ritmo ditado por João Paulo II e por Bento XVI de evitar politizar questões relacionadas à miséria, à pobreza, a um anseio por demais excessivo ao materialismo”.

O professor da UFRJ destacou o tom mais crítico que percebeu no papa Francisco em relação a um sistema capitalista que prioriza o dinheiro e os bens materiais. “Ele tem feito críticas que eu gosto muito de ouvir e que, de alguma maneira, estavam esquecidas. Achei muito interessante isso”.

Para o historiador Oswaldo Munteal, a visita do papa ao Brasil é marcada pela diplomacia institucional do Vaticano em relação à América Latina, aproveitando o fato de Francisco ser o primeiro papa da região. “Eu sinto o discurso dele muito articulado a essa questão. Tanto que ele disse que a Igreja tem que estar nas ruas, se não se torna uma organização não governamental [ONG]”. Munteal é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e da Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), além de pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Segundo Munteal, essa foi uma mensagem não só teológica, mas política, muito importante do papa. Ressaltou que Francisco vem defendendo uma maior presença da Igreja nas camadas populares, ou seja, um caminhar com os oprimidos, o que reforça a ideia do teólogo Leonardo Boff, quando ainda exercia o sacerdócio.

O professor da Uerj destacou ainda que o papa traz uma mensagem de ordem política interna do Vaticano e também do Vaticano para o mundo. Trata-se do primeiro papa jesuíta da história, disse. Comentou que os jesuítas têm uma marca muito significativa da diplomacia, da capacidade de adaptação e de conhecer o outro. “Esse é outro aspecto importante do papado, que é a ligação com os pobres. Ele tem reforçado isso, no lado institucional, no contexto latino-americano”.

Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, 24 de julho de 2013

BRASIL: UMA FALSIDADE POLÍTICA PERMANENTE

Fabio Konder Comparato
 
A Constituição de 1988 abre-se com a declaração de que "a República Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito ."Na realidade porém,  o Estado Brasileiro não é republicano, nem democrático, nem tampouco um verdadeiro Estado de Direito.
 
Não é republicano, porque nesta terra, desde o Descobrimento, o interesse privado sempre prevaleceu sobre o bem público.Não é democrático, porque o povo nunca chegou a ter voz ativa na vida política.
 
Enfim, não é um autentico Estado de Direito, porque o grupo oligárquico, que sempre deteve o poder supremo e é a fonte primária de toda a corrupção, foge a qualquer controle jurídico.
 
Eis porque as últimas manifestações de protesto nas ruas das principais cidades do país, constitui um fato histórico alvissareiro. Pode-se dizer que o povo cansou-se afinal do papel de mero figurante no teatro político e manifestou o desejo de assumir doravante a posição de verdadeiro titular do poder soberano.
 
Agora, é chegado o momento de o povo reivindicar o uso direto dos adequados instrumentos de decisão. Nesse sentido, tive oportunidade de elaborar e apresentar ao Congresso Nacional algumas proposições específicas.
 
A primeira delas é o Projeto de Lei nº 4.718, de 2004, cuja tramitação acha-se paralisada na Câmara dos Deputados. Ele dá ao povo a iniciativa de realização de plebiscitos e referendos, tendo por objetos principalmente a efetivação das normas constitucionais referentes à educação, à saúde e à previdência social. Ou seja, em vez de viver na vã esperança de receber de tempos em tempos, pobres favores governamentais, o povo passará a exigir dos governantes o cumprimento do seu dever de dar, mediante as políticas públicas adequadas, a constante efetivação dos direitos humanos de caráter social.
 
E se isto não acontecer? É ai que entra em jogo minha outra proposição, oferecida aos Senadores Eduardo Suplicy e Pedro Simon, e já transformada na Proposta de Emenda Constitucional nº 73, de 2005.Trata-se de dar ao povo o poder de destituir os agentes públicos por ele eleitos, antes mesmo de encerrado o seu mandato. É o recall, existente há muito tempo na Suíça e nos Estados Unidos.
 
Deus permita que os líderes dos principais movimentos sociais que desencadearam as recentes manifestações de protestos, saibam unir-se para exigir a aprovação desses instrumentos de radical transformação dos sistema político brasileiro!

Fábio Konder Comparato, Professor emérito da USP, jurista, escritor

Fonte:Conversa Afiada



segunda-feira, 17 de junho de 2013

Onda de protestos cresce e leva mais de 250 mil brasileiros às ruas de norte a sul do país

Mais de 250 mil pessoas participaram de protestos em várias cidades de norte a sul do Brasil nesta segunda-feira (17). A onda de protestos, que nas últimas semanas tinha como foco principal a redução de tarifas do transporte coletivo, ganhou proporções maiores e passou a incluir gritos de descontentamento com várias causas diferentes. Houve registro de confrontos e violência em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e em Brasília, onde manifestantes invadiram o Congresso Nacional. É a maior mobilização popular do Brasil desde os protestos pedindo o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello (hoje senador), em 1992.

Na manifestação de São Paulo, que reuniu 65 mil pessoas (segundo medição do instituto Datafolha) na zona oeste e na zona sul da cidade, por exemplo, ouviam-se gritos de ordem contra a presidente Dilma Rousseff (PT), contra o governador Geraldo Alckmin, faixas contra o uso de dinheiro público nas obras da Copa, protestos contra a PEC 37 (proposta de mudança de legislação que tira o poder de investigação do Ministério Público), contra corrupção, por educação melhor e redução do custo de vida. "O povo unido jamais será vencido", entoava um coro de milhares de manifestantes na avenida Faria Lima por volta das 20h. Por volta das 22h30, um grupo de manifestantes tentou invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/06/17/onda-de-protestos-cresce-e-leva-mais-de-220-mil-brasileiros-as-ruas-de-norte-a-sul-do-pais.htm

O Brasil protesta por dignidade

Multidão  nas ruas do país: A voz dos sem voz

Milhares de Jovens ocupam as ruas de várias cidades do país, participando de protesto que reivindica passe livre no transporte público e criticam o excessivo gasto de dinheiro público em obras da Copa das Confederações e Mundial.

Durante os protestos é nitida a insatisfação popular, com a representação de políticos, falta de transparencia na gestão pública, apelo por investimentos em saúde, educação,  e contra a corrupção. 

Mais informações em:Site UOL

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/06/17/manifestantes-invadem-congresso-nacional-em-brasilia.htm

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2013-06-17/protesto-em-sao-paulo-reune-milhares-e-fecha-faria-lima-av-paulista-e-marginal-pinheiros.html


sábado, 15 de junho de 2013

Comunidades do Rio ameaçadas de remoção disputam a Copa Popular

Os brasileiros poderão acompanhar um campeonato diferente neste final de semana, que passa bem longe do marketing bilionário e dos estádios superfaturados da Copa das Confederações. Comunidades que sofrem com remoções de moradores vão se encontrar para a Copa Popular – Contra as Remoções, que será realizada no sábado, a partir das 10h, na Zona Portuária do Rio. A iniciativa, do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, vai mostrar que o futebol é sempre sinônimo de diversão, mas não precisa ser de alienação. Times masculinos e femininos de locais como o Morro da Providência, Santa Marta, Salgueiro, Vila Autódromo e Indiana, entre outros, vão disputar a taça e também protestar contra a exclusão da população de baixa renda do Rio de Janeiro, em nome dos chamados “grandes eventos”.

Fonte: Justiça Global
Integra do texto
http://global.org.br/arquivo/noticias/comunidades-do-rio-ameacadas-de-remocao-disputam-a-copa-popular/

sexta-feira, 14 de junho de 2013

"Repressão brutal" de PM foi "desvio perigoso", diz Repórteres Sem Fronteiras

Responsável pelas Américas da Repórteres Sem Fronteiras disse que vai pedir às autoridades brasileiras para realizarem uma investigação sobre as violências cometidas.

A "repressão brutal" de jornalistas nos recentes protestos em São Paulo contra o aumento das tarifas do transporte público representa, na avaliação da ONG Repórteres Sem Fronteiras, "um desvio repressivo perigoso" e também uma ameaça à liberdade de informação.

Outro lado

Em declaração publicada pela Folha de S. Paulo, o Secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Grella, lamentou os episódios de violência policial na noite desta quinta-feira e afirmou que eles serão apurados. Grella qualificou de “inadmissível” a violência contra jornalistas. “Se ficar caracterizado que o ataque foi deliberado, vai haver responsabilização.”

O pedido de investigação foi enviado à Corregedoria da Polícia Militar.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, destacou que, nos protestos desta quinta-feira, “a imagem que ficou foi a da violência policial” e disse ser correta a decisão de Grella de abrir “um inquérito para apuração rigorosa dos fatos”.

A Polícia Militar de São Paulo não se pronunciou sobre a conduta dos policiais durante o protesto, mas adiantou também que as denúncias de abusos serão investigadas.

Fonte:IG

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2013-06-14/repressao-brutal-de-pm-foi-desvio-perigoso-diz-reporteres-sem-fronteiras.html

Em nota, Anistia Internacional afirma que direito à Manifestação deve ser assegurado.

A Anistia Internacional vê com preocupação o aumento da violência na repressão aos protestos contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo. Também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos enquadrados no crime de formação de quadrilha.
O transporte público acessível é de fundamental importância para que a população possa exercer seu direito de ir e vir, tão importante quanto os demais direitos como educação, saúde, moradia, de expressão, entre outros.
É fundamental que o direito à manifestação e a realização de protestos pacíficos seja assegurado. A Anistia Internacional é contra a depredação do patrimônio púbico e atos violentos de ambos os lados e considera urgente o estabelecimento de um canal de diálogo entre governo e manifestantes para que se encontre uma solução pacífica para o impasse

Fonte Yahoo
http://br.noticias.yahoo.com/anistia-internacional-diz-ver-preocupação-violência-manifestantes-rj-230510458.html

Protesto contra aumento da tarifa dos transportes coletivos

Editorial do blog do Skamoto: Chegou a hora do basta

No quarto dia de protesto contra o aumento da tarifa dos transportes coletivos, o Estado policialesco que o reprime ultrapassou, ontem, todos os limites e, daqui para a frente, ou as autoridades determinam que a polícia não aja feito um animal que baba, ao contrário do que vem fazendo, ou a capital paulista ficará entregue à desordem, o que é inaceitável. Durante sete horas, numa movimentação que começou na Praça Ramos de Azevedo, passou pelo Centro – em especial pela Praça da República e a Rua da Consolação – chegando à avenida Paulista, os policiais provocaram conflitos com os manifestantes, agrediram  jornalistas e aterrorizaram a população.

A violência desmesurada, que tem sido a marca da Polícia Militar do Estado de São Paulo, uma corporação que mantém ranços desenvolvidos durante o último período ditatorial brasileiro, só tem feito aumentar. Por onde passaram, os 900 policiais deixaram um rastro de desrespeito aos direitos humanos – estudantes feridos, pessoas detidas por carregar vinagre (usado no combate à intoxicação das bombas), idosas senhoras que não participavam do ato e até uma universidade atingidas por bombas de gás lacrimogênio. Spray de pimenta foi jogado em um cinegrafista na Praça Patriarca e um policial, de acordo com imagens que aparecem em um vídeo, quebrou o vidro de sua viatura. Para quê, não se sabe. Em algumas das ruas e avenidas por onde passaram, especialmente na rua da Consolação, aterrorizaram a população e lançaram bombas para impedir a passagem dos manifestantes e inviabilizar uma passeata que seguia, até então, pacífica.

Atacada com bombas e tiros de borracha sempre que tentava seguir com a caminhada pacífica, uma minoria nem de longe representativa dos manifestantes devolveu com pedras e paus, sendo que a maioria correu desesperada para longe. Também uma minoria depredou ônibus, lixeiras e fez barricadas com sacos de lixo. 

O saldo foi de 235 pessoas detidas e outros tantos com ferimentos graves, entre eles jornalistas.

A PM agiu com ignorância, ao contrário do que disse o poder público, que a defendeu da truculência para justificar a contenção da manifestação. Num episódio em que isso ficou bem claro, um PM que passava pela rua Augusta, feriu gravemente o rosto de uma jovem repórter do jornal Folha de S.Paulo. Sacou a arma, mirou e atirou com bala de borracha. Outros seis jornalistas do periódico ficaram feridos.

Em suma, foi mais um dia de cão, pior do que os outros na região central, no qual a violência da polícia assustou e comprovou que as leis que garantem os direitos de paulistanos que vivem na cidade não valem absolutamente nada. O comportamento da polícia deixou apreensivos outras centenas de milhares da classe média, que descobriram pela televisão que esse tipo de violência existe. Mas não assustou milhões de moradores da periferia, que experimentam desde cedo a truculência da polícia, que – não raro – os trata – como cidadãos de segunda classe. Ontem, o Centro virou Periferia.

O reconhecimento por parte do Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo de que excessos podem ter sido cometidos, assim como a incapacidade do poder público de garantir que sua própria força policial aja de forma adequada, não atenuam a sua responsabilidade pelo fogo que atearam. Embora tenha afirmado que abrirá sindicância para apurar os fatos, o governo mantém a confiança na polícia, mesmo já tendo demonstrado sua incapacidade de lidar com manifestações e seu comportamento em momentos de enfrentamento social. Sabem todos muito bem o que estão fazendo.

A reação do governador Geraldo Alckmin e do prefeito Fernando Haddad às manifestações indica que eles se dispõem a endurecer o jogo. A atitude excessivamente moderada do prefeito cansa a população. Não importa se ele estava convencido de que a moderação era a atitude mais adequada, ou se, por cálculo político, evitou parecer truculento. O fato é que a população quer um transporte público de melhor qualidade e com preço mais baixo – e isso depende de coragem política, coisa que parece faltar.

De Paris, onde se encontrava para defender a candidatura de São Paulo à sede da Exposição Universal de 2020, o governador disse que “é intolerável a ação de baderneiros e vândalos. Isso extrapola o direito de expressão. É absoluta violência, inaceitável”. Depois das cenas de violência desta quinta, espera-se que ele segure seus policiais e determine que a PM aja com o máximo rigor para apurar a selvageria e conter a fúria de alguns de seus policiais, que se mostraram mal-preparados, mal-intencionados e alheios à sua função de proteger o cidadão, antes que esse comportamento violento tome conta da cidade.
Haddad, que se encontrava em Paris pelo mesmo motivo, também foi afirmativo ao dizer que “os métodos (dos manifestantes) não são aprovados pela sociedade. Essa liberdade está sendo usada em prejuízo da população”. Nesta quinta, reclamou da violência policial, mas disse que a tarifa não vai baixar. E o ministro da Justiça de seu partido político, José Eduardo Cardozo, ofereceu ajuda do governo federal para a contenção dos protestos. A gravidade da situação exige que o prefeito esclareça se com isso o seu partido quis dizer que concorda que manifestações populares devem ser reprimidas à bala.

Em tempo: Todos têm direito a ter uma opinião e divulgá-la. Por isso, respeito (praticamente) todas. Mas como percebi que a minha era diametralmente oposta à do jornal Estado de S.Paulo, desta quinta (13), no caso das manifestações contra o aumento no preço da passagemaproveitei o texto do editorial de lá para uma paráfrase. A bem da verdade, o texto é o mesmo, invertendo o “sinal”. Certamente, o Estadão não vai se importar com este exercício de retórica vindo de alguém que respirou gás lacrimogênio na noite de ontem. E como fui informado que boa parte dos jornalistas que lá trabalham também discordam desse posicionamento, acho que estou absolvido.


Fonte: Blog Sakamoto
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/

Líderes da Praça Taskin aconselham brasileiros a manter caráter pacífico e bom humor dos protestos


Líderes dos movimentos que manifestam contra o governo turco, em Istambul, demonstraram ontem solidariedade em relação aos manifestantes brasileiros de São Paulo. Eles aconselharam os paulistanos a manter o caráter pacífico dos protestos e utilizar bom humor.

Os protestos contra o governo turco começaram há cerca de duas semanas. Milhares de estudantes tomaram a praça Taksim e o Parque Gezi em manifestação contra a transformação do espaço em um shopping center e em um prédio militar no estilo otomano.

Seref Olusan, um dos líderes do movimento Solidariedade a Taksim, pediu que os brasileiros se mantenham pacíficos, mesmo diante da violência da polícia. "Nesse tipo de manifestação, é importante manter a calma e o caráter pacífico dos protestos. Não adianta perder a cabeça, por mais que isso seja difícil, às vezes".

Olusan sugeriu que os brasileiros utilizassem o bom humor durante suas manifestações. Segundo ele, isso é importante para demonstrar a diferença de atitude entre eles e a polícia. "Se eles usarem bom humor, vai ficar cada vez mais claro quem é que está errado nesse confronto. Sei que é difícil fazer quando se está sob pressão, mas é necessário", aconselhou o turco.

Outro líder dos manifestantes turcos, Baris Gonilsr, manifestou solidariedade para com os brasileiros. "Quero que os jovens de São Paulo saibam que eles não estão sozinhos. A causa deles é justa e eles devem, sim, se manifestar por seus direitos. Estamos todos juntos", disse Baris.

A liderança turca também enfatizou que os manifestantes brasileiros devem manter o caráter pacífico dos protestos. "Não adianta ser violento. Aqui, toda vez que eles vinham com mais violência, a gente reagia com paz. Isso acabou enfraquecendo o governo, e é por isso que nós vamos vencer. Espero que o mesmo aconteça no Brasil", afirmou Baris.

Fonte: UOL

http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/06/14/lideres-da-praca-taskin-aconselham-brasileiros-a-manter-carater-pacifico-e-bom-humor-dos-protestos.htm

Classe Média experimenta o terror que a PM paulista toca na periferia

por Luiz Carlos Azenha

Foi brutal, mas foi didático.

A classe média paulistana — inclusive aquela formada por repórteres da Folha e do Estadão — experimentou na própria pele o comportamento autoritário, brutal e descontrolado da Polícia Militar de Geraldo Alckmin, com a conivência do PT, de Fernando Haddad e do ministro da Justiça, que ofereceu o reforço da Força Nacional.Incitado, ironicamente, pela própria mídia fã da ditabranda.

A PM paulista demonstrou o zeitgeist de sua existência: bater, em nome da segurança nacional, nos mais frágeis. Suprimir a democracia. Barbarizar jornalistas e manifestantes. Usar as armas de que dispõe graças ao financiamento público para atacar o público que a financia.

Em nome de manter a avenida Paulista “aberta ao trânsito”, a PM paulista fechou a cidade de São Paulo.
Se tivesse acompanhado à distância o protesto dos manifestantes, como aconteceu no Rio de Janeiro, a cidade teria sofrido muito menos do que sofreu.

A “demonstração de força”, às custas do dinheiro público, foi bárbara — como podem testemunhar centenas de pessoas que foram atacadas indiscriminadamente pela PM paulista “por estarem na rua”.

O resultado concreto é que, graças à lógica doidivanas da PM paulista, as manifestações do Movimento do Passe Livre — sobre o qual cabem dezenas de questionamentos — só tendem a crescer.
O mais repugnante é ver gente supostamente ligada ao PT e à esquerda posicionada sobre o muro, aguardando um piscar de olhos das “lideranças” para lamentar ou aplaudir o comportamento dos manifestantes.Eles podem errar. O Estado, não.

O Estado não pode torturar, bater ou barbarizar, como fez nos tempos da ditadura militar.
Jovens podem agir de forma irresponsável. O Estado, com o monopólio da violência, não.

Infelizmente, ontem vimos o Estado agir como um jovem irresponsável, disparando bombas, atacando jornalistas e barbarizando transeuntes.

Como na ditadura militar. Vimos, também, o oportunismo de petistas, tomados por uma amnésia profunda sobre os primórdios do próprio partido, nos anos de chumbo em que a mesma PM atuou para abortar o PT e os movimentos sociais.

Fonte: VIOMUNDO      http://www.viomundo.com.br/denuncias/classe-m.html

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2013/06/1294837-a-pm-comecou-a-batalha-na-maria-antonia.shtml

Brasil tem mais de 257 mil crianças no trabalho doméstico

Estudo confirma estagnação do combate à exploração infantil, que teve avanços na década de 1990. No país, 3,7 milhões de crianças e adolescentes trabalham, e especialistas alertam que problema perpetua exclusão social.

Um estudo divulgado nesta quarta-feira (12/06) apontou que o Brasil tem, atualmente, mais de 257 mil crianças trabalham no setor doméstico tido como uma das piores formas de trabalho infantil. O número confirma uma estagnação no combate ao problema, que, nas décadas anteriores, vinha registrando avanços significativos. A solução, segundo especialistas, passa por mudanças culturais e por investimentos em educação.

Divulgado no Dia Mundial do Combate ao Trabalho Infantil, o relatório foi feito pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE. Ele mostra que a redução do trabalho doméstico em três anos foi pequena.

De 2008 para 2011, 67 mil crianças foram retiradas dessa condição, ou seja: a parcela representava 7,2% de todo o trabalho infantil e baixou apenas para 7%. A predominância no setor continua sendo de meninas (93,7%), e a maioria dos casos foi registrado nas regiões Nordeste e Sudeste.

"O trabalho infantil é multicausal e requer uma intervenção intersetorial. Algumas políticas têm dado mais atenção a esse problema do que outras, como a política de educação que ainda não incluiu esse na sua estrutura", afirma a secretária-executiva do FNPETI, Isa Oliveira. "A família precisa ser conscientizada de que esse trabalho não é a solução para uma condição de exclusão ou de dificuldades, pelo contrário, ele perpetua esse ciclo de exclusão e pobreza."

Na terça-feira (11/06), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicou um relatório sobre o mesmo tema. O estudo revela que 10,5 milhões de crianças no mundo prestam serviços domésticos em casas de terceiros, muitas vezes em condições perigosas e análogas à escravidão. Como no Brasil, a grande maioria são meninas (71%).

Fonte: O Povoonline
Integra Texto
http://www.opovo.com.br/app/maisnoticias/mundo/dw/2013/06/12/noticiasdw,3073370/brasil-tem-mais-de-257-mil-criancas-no-trabalho-domestico.shtml

Barbosa diz que país tem "partidos de mentirinha" e critica Congresso

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, em 20 de maio p.p., durante palestra na abertura de Semana Jurídica do Instituto de Educação Superior (IESB), criticou a representação partidária no país. Segundo ele, os partidos são de "mentirinha". Ele também afirmou que atualmente o Congresso é "inteiramente dominado" pelo Executivo.

Ao ser perguntado por aluno sobre críticas de interferência do Judiciário no Legislativo, Barbosa disse que partidos "querem o poder pelo poder".

"Nós temos partidos de mentirinha. Nós não nos identificamos com os partidos que nos representam no Congresso, a não ser em casos excepcionais. Eu diria que o grosso dos brasileiros não vê consistência ideológica e programática em nenhum dos partidos. E nem pouco seus partidos e os seus líderes partidários têm interesse em ter consistência programática ou ideológica. Querem o poder pelo poder."

Para o presidente do STF, a falta de representação partidária faz o Congresso ter "ineficiência pela sua incapacidade de deliberar".

Ele completou, ainda, que outro problema do Congresso é o fato de ser submetido ao Executivo. "O problema crucial brasileiro, a debilidade mais grave do Congresso brasileiro é que ele é inteiramente dominado pelo Poder Executivo. [...] Temos um órgão de representação que não exerce em sua plenitude o poder que a Constituição lhe atribui, que é o poder de legislar."

Joaquim Barbosa disse que uma saída para a falta de representatividade no Congresso seria a adoção do voto distrital, sistema no qual o país é dividido em distritos e é eleito o mais votado daquele distrito. Atualmente, a eleição para a Câmara é proporcional e leva em conta os votos recebidos pelo partido.

"Passados dois anos da eleição ninguém sabe mais em quem votou. Isso vem do sistema proporcional. A solução seria a adoção do voto distrital para a Câmara dos Deputados. [...] Hoje temos um Congresso dividido em interesses setorizados. Há uma bancada evangélica, uma do setor agrário, outra dos bancos. Mas as pessoas não sabem isso, porque essa representatividade não é clara."

Fonte: G1


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Luiz Gama Herói do Povo Brasileiro

Fábio Konder Comparato

ELE HERDOU da mãe o caráter indômito e apaixonado. Luiza Mahin, africana livre da nação nagô, oriunda da Costa da Mina, tomou parte ativa nas insurreições baianas de 1835 e 1837 e acabou sendo deportada, não se sabe se para o Rio de Janeiro ou se definitivamente para a África. 

Quanto ao pai, de uma família ilustre da Bahia, arruinou-se no jogo e acabou vendendo o filho como escravo em 1840, quando contava dez anos de idade. Luiz Gama teve a suprema dignidade de jamais revelar o nome do seu indigno progenitor. 

Embarcado para o Rio de Janeiro com dezenas de outros escravos, o menino foi vendido a um traficante paulista. Subiu a pé de Santos até Campinas, onde foi refugado por um fazendeiro por vir da Bahia, província de má fama à época por ser o teatro de sucessivas rebeliões de escravos. 
Alfabetizado por um jovem amigo aos 17 anos, Luiz Gama apaixonou-se de imediato pelos livros, paixão que o acompanhou até a morte. 

                               

                       Luiz Gama, Advogado (Rábula) escritor, poeta, jornalista, abolicionista

Aos 18, fugiu do cativeiro doméstico em São Paulo para sentar praça na Marinha de Guerra. Seis anos depois, já cabo-de-esquadra, insurgiu-se contra um oficial insolente que o insultou, foi preso e compareceu perante o Conselho de Guerra, que o excluiu dos quadros daquela força. 

Retornou a São Paulo, onde passou a trabalhar no escritório de um escrivão e depois na Secretaria de Governo da Província. Nessa ocasião, veio-lhe a inspiração de estudar direito para defender em juízo a vida e a liberdade da imensa população de negros escravos. Repelido pelos estudantes em sua tentativa de matricular-se na já famosa faculdade de direito, tomou a opção definitiva de atuar como rábula até o fim da vida, em 1882. 

A grande questão jurídica que Luiz Gama levantou, na imprensa e nos tribunais, foi a vigência da lei de 7 de novembro de 1831, a qual, em cumprimento a um tratado de repressão do tráfico negreiro celebrado por Portugal com a Inglaterra em 1818, declarara livres todos os africanos desembarcados no país após aquela data. 

Enquanto magistrados covardes, cedendo à pressão dos fazendeiros, se recusavam a aplicá-la, o governo multiplicava exigências burocráticas para a soltura dos negros criminosamente mantidos no cativeiro e a Assembléia Geral votava leis destinadas a esvaziar toda força normativa da lei, embora mantendo-a formalmente em vigor. 

Em suma, era a velha tática brasileira de cobrir a dominação oligárquica com as vestes ornamentais do "Estado de Direito". Para nós, desde a Independência, a Constituição, os tratados internacionais e as leis votadas no Parlamento sempre foram recebidas como as ordenações d'El Rei, nosso senhor durante o período colonial: respeitosamente acatadas, mas não cumpridas. 

Luiz Gama soube denunciar, com competência e indignação, essa impostura perversa. Sozinho -fato único em nossa história-, conseguiu libertar nos tribunais mais de 500 escravos. 
Ao mesmo tempo, procurou combater a instituição infame por meio da militância política. Mas aí sua decepção foi absoluta. Atuou sucessivamente no Partido Liberal e no Partido Republicano, retirando-se de ambos tão logo percebeu sua conivência efetiva, embora envergonhada, com o que se denominava à época, com fingido recato, "a questão servil".                      


Dessa amarga experiência partidária retirou a lição capital de que, sem um amplo movimento de revolta popular, o meio político saberia manter a escravidão até o extremo limite do seu esgotamento. 


No final da vida, Luiz Gama foi o grande inspirador do Movimento dos Caifazes, de Antonio Bento de Souza e Castro, que promoveu a fuga de milhares de escravos, desorganizando irreparavelmente a lavoura nos grandes domínios rurais de São Paulo. A lei de abolição da escravatura tornara-se inevitável. 


Como se percebe, a opção abolicionista de Luiz Gama foi bem diversa da via estritamente parlamentar, seguida por Joaquim Nabuco. A história veio demonstrar que o advogado negro acertara em cheio o alvo. 


Que isso nos sirva de exemplo para enfrentarmos o magno problema da atualidade, no Brasil e na América Latina, problema de solução incomparavelmente mais difícil e de caráter não menos escandaloso que a escravidão: como abolir o regime político fraudulento que encobre, sob o aparato republicano e democrático, a permanente usurpação da soberania popular.


FÁBIO KONDER COMPARATO , 70, advogado, é professor titular aposentado da Faculdade de Direito da USP. É autor, entre outras obras, de "Ética - Direito, Moral e Religião no Mundo Moderno" (Companhia das Letras).. Artigo  publicado no jornal  Folha de S. Paulo. 





quarta-feira, 8 de maio de 2013

Joaquim Barbosa, presidente do STF aponta ausência de diversidade racial na mídia brasileira

O Presidente do STF Ministro Joaquim Barbosa foi o orador principal, em evento na Costa Rica, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
A mídia brasileira é afetada pela ausência de pluralismo. Joaquim Barbosa
Ressaltando que neste ponto falava como acadêmico, e não como presidente do STF, Barbosa avaliou que esta característica pode ser percebida especialmente pela ausência de negros nos meios de comunicação e pela pouca diversidade política e ideológica da mídia.
A apresentação do presidente do STF se deu em quatro partes voltadas a apresentar uma perspectiva multifacetada sobre liberdade de imprensa. Na abertura, reafirmou o compromisso da corte e do país com a liberdade de expressão e de imprensa, e ressaltou que uma imprensa livre, aberta e economicamente sólida é o melhor antídoto contra arbitrariedades. Barbosa lembrou a ausência de censura pública no Brasil desde a redemocratização em 1985.
Na segunda parte, o ministro apresentou como o tema é tratado na Constituição de 1988, que pela primeira vez reservou um capítulo específico para a comunicação. Segundo Barbosa, no sistema legal brasileiro nenhum direito fundamental deve ser tratado como absoluto, mas sempre interpretado em completa harmonia com outros direitos, como privacidade, imagem pessoal e, citando textualmente o texto constitucional, “o respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família”. Nesse sentido, ressaltou o ministro, o sistema legal brasileiro relaciona a liberdade de expressão com a responsabilidade legal correspondente. “A lei se aplica a todos e deve ser obedecida. A liberdade de imprensa não opera como uma folha em branco ou como um sinal verde para violar as regras da sociedade”, afirmou Barbosa.
Na terceira parte de seu discurso, Joaquim Barbosa apresentou dois casos em que o Supremo Tribunal Federal teve que lidar com a liberdade de expressão e de imprensa. No primeiro, lembrou a  análise que o STF teve de fazer sobre a publicação de obras racistas contra judeus por parte de Siegfried Ellwanger. Neste caso, a corte avaliou que a proteção dos direitos do povo judeu deveria prevalecer em relação ao direito de publicar casos discriminatórios. Em seguida, falou sobre a lei de imprensa, que foi derrubada pelo Supremo por ser considerada em desacordo com a Constituição e extremamente opressora aos direitos de liberdade de expressão e de imprensa.
Antes de encerrar, porém, Barbosa fez questão de ressaltar que não estaria sendo sincero se não destacasse os problemas que via na mídia brasileira. Falando da ausência de diversidade racial, o ministro lembrou que embora pretos e mulatos correspondam à metade da população, é muito rara sua presença nos estúdios de televisão e nas posições de poder e liderança na maioria das emissoras. “Eles raramente são chamados para expressar suas posições e sua expertise, e de forma geral são tratados de forma estereotipada”, afirmou o ministro.
Avaliando a ausência de diversidade político-ideológica, Barbosa lembrou que há apenas três jornais de circulação nacional, “todos eles com tendência ao pensamento de direita”. Para ele, a ausência de pluralismo é uma ameaça ao direito das minorias. Barbosa finalizou suas observações sobre os problemas do sistema de comunicação destacando o problema da violência contra jornalistas. “Só neste ano foram assassinados quatro profissionais, todos eles trabalhando para pequenos veículos. Os casos de assassinatos são quase todos ligados a denúncias de corrupção ou de tráfico de drogas em âmbito local, e representam grave violação de direitos humanos”.
Em resposta a questionamentos do público, Barbosa lembrou um dos motivos da impunidade nos crimes contra a liberdade de imprensa é a disfuncionalidade do sistema judicial brasileira, que tem quatro níveis e “infinitas possibilidades de apelo”. Além disto, a justiça brasileira tem, na perspectivas de Barbosa, sistemas de proteção aos poderosos, que influenciam  diretamente os juízes. “A justiça condena pobres e pretos, gente sem conexão. As pessoas são tratadas de forma diferente de acordo com seu status, cor de pele ou poder econômico”, concluiu Barbosa.
 
 

Comissão Nacional da Verdade

O relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) servirá para indicar a autoria dos crimes da ditadura, ou seja, a fim de fazer a “futura investigação judicial para a responsabilização dos agentes do Estado” que atuaram durante a ditadura militar, disse hoje (29) o coordenador da CNV, Paulo Sérgio Pinheiro. A intenção, segundo ele, é “derrubar a impunidade que ainda prevalece” no país.
“Em todas as comissões da Verdade, e que não tem nunca papel judicial, as investigações servem de horizonte sempre para a responsabilização dos perpetradores das graves violações de direitos humanos. Por isso o trabalho da comissão precisa ser consistente, denso e cuidadoso para que, no horizonte da responsabilização desses criminosos, o que nós encontrarmos e produzirmos possa servir para essa responsabilização”, declarou Pinheiro, em entrevista à imprensa.
A previsão inicial é o relatório final (que será divulgado por meio de um livro, em versão acessível e também multimídia) ser entregue no dia 16 de maio de 2014, mas a data poderá ser alterada caso os trabalhos da comissão sejam prorrogados. “Depois do relatório, se fará verdade sobre os crimes da ditadura, e se estará mais perto do que nunca para que a impunidade dos mandantes e autores desses crimes não mais prevaleça”, completou.
No próximo dia 13 de maio, em Brasília, a comissão vai divulgar, segundo o coordenador, um relatório parcial dos trabalhos, que Pinheiro chama de “balanço de prestação de contas”. No mesmo dia, a CNV deve divulgar um calendário de encontros que vão ocorrer com as sub-regionais do Pará, Recife, Rio de Janeiro, de São Paulo e Porto Alegre. E em setembro, os comitês regionais pretendem empreender uma marcha nacional até Brasília.
Fonte:Agência Brasil     
 
Autoridade com assento na ONU e coordenador da  Comissão Nacional da Verdade , o cientista político e professor da USP Paulo Sérgio Pinheiro, em entrevista exclusiva ao iG , se diz surpreso com os documentos e informações que revelam a participação dos presidentes militares nas ações que resultaram na tortura, extermínio e ocultação dos corpos de militantes de organizações armadas que enfrentaram a ditadura.
Fonte:IG