quinta-feira, 29 de março de 2012

Carta Aberta do Reitor da UnB à Comunidade de Brasília sobre a intolerância que ameaça o campus

José Geraldo de Sousa Junior

Escrevo num momento de grande preocupação com as ameaças odiosas que estudantes, professores e técnicos da Universidade de Brasília vêm recebendo de grupos intolerantes e racistas que, infelizmente, não se conformam com o clima de liberdade cidadã e de respeito às diferenças ideológicas, políticas, raciais e sexuais que reina em nossos campi.

Graças ao esforço de milhares de integrantes de nossa comunidade, das mais diversas áreas e de diferentes colorações partidárias, construímos nas últimas décadas um cotidiano de livre expressão em nossos quatro campi, condição necessária para a produção plena do conhecimento acadêmico.

Infelizmente, essa realidade que tanto nos orgulha não agrada a uma minoria que, desde janeiro, nos ameaça, de forma doentia e criminosa. Devo esclarecer que a Reitoria da UnB está atenta ao caso desde o primeiro momento. Criou uma comissão interna de acompanhamento, pediu investigação imediata da Polícia Federal, reforçou a segurança e mantém contato permanente com as autoridades públicas. Nos últimos dias, a Polícia Federal concluiu fase importante do trabalho com a prisão de suspeitos e o desmonte de peças-chaves dessa rede.

Confiamos que as providências policiais coíbam a ação criminosa, mas continuamos atentos e esperamos, de forma cooperativa, recuperar a tranquilidade em nossa comunidade. Com essa disposição de alerta e responsabilidade, e com todos juntos, seguimos construindo uma Universidade de qualidade, educadora, que respeita e que quer ser respeitada.


Fonte: Site Senador Cristóvam Buarque (PDT-DF)

Justiça e Igualdade

A Ficha do Brasil
O Brasil comemora com razão uma regra que permite impedir candidaturas de pessoas com ficha suja no passado, mas não fazemos um exercício para saber se merecemos ficha limpa por nossa história.
Não merece ficha limpa um país que durante 124 anos após a Abolição, ainda tem no Congresso, a espera de votação, um texto que pune os que usam trabalho escravo; e que, em 123 anos de República, tem 12 milhões de adultos que não reconhecem a própria bandeira porque não sabem ler o texto escrito nela. Duas vezes mais pessoas privadas de saber ler do que no ano da Proclamação da República.
         A primeira condição para dar ficha limpa a um país é atestar o bom tratamento destinado a suas crianças. Não merece ficha limpa um país que tolera crianças submetidas à exploração sexual; que trabalhem ao invés de estudar; e com um número de assassinatos de meninos e meninas maior do que em todos os demais países, incluindo àqueles em guerra. Não merece ficha limpa, país com crianças abandonadas, trabalho infantil e prostituição.
Não merece ficha limpa o país que nega ensino médio a dois terços de sua população e condena a outra parcela a uma educação sem condições de competição no mundo moderno.
Não é possível dar ficha limpa a uma sociedade que escolhe, desde o nascimento da pessoa, se ela vai ou não ter educação, conforme sua classe social e a renda dos pais; e que assegura mais ou menos anos de vida conforme o poder de compra dos serviços médicos. Não é ficha limpa país que tem a 6ª economia mais rica, com R$ 4,14 trilhões e não consegue pagar um piso salarial de R$ 1.451 aos professores de suas crianças.
A ficha limpa de um país exige que ele cuide bem de seus recursos naturais para servir às gerações futuras, e não se pode dizer que o Brasil cumpriu ou está cumprindo esta condição. Vemos uma nação ficha suja por devastação de florestas, sujeira nas águas, usinas nucleares em solo precário, vastas áreas cobertas por lagos artificiais e o ar poluído. O Brasil não merece a ficha limpa ecológica.
Também temos a ficha suja pela desigualdade. Nossa ficha social é suja por causa da brutal desigualdade de renda, uma das piores do mundo, quando não a pior de todas. Nossa ficha é suja também por causa da desigualdade nos serviços públicos: alguns brasileiros têm um sistema de saúde igual aos melhores do mundo, enquanto a maioria está submetida a um sistema igual aos piores do mundo.
Temos ficha suja na segurança, com cerca de 40 mil assassinatos por ano e mais de um milhão de pessoas mortas nos últimos 30 anos; e no trânsito, com mais de 50 mil pessoas mortas por ano no asfalto.
Somos também ficha suja nas condições urbanas descontroladas pelo lixo, pela poluição visual, degradação habitacional e trânsito estrangulado. Não merecem fichas limpas cidades onde as pessoas perdem quase mil horas por ano, mais de mil dias de vida adulta por causa de engarrafamentos no trânsito.
Não teremos ficha limpa enquanto escondermos recantos de nossa história, por causa de acordos políticos ou por medo de enfrentar a verdade; e enquanto a Justiça não for eficiente e respeitada, independente da influência do dinheiro e das relações pessoais; nem enquanto houver dúvida se quem dá a ficha suja merece ter ficha limpa.
O país que por falta de educação das suas crianças e de investimentos em ciência e tecnologia perde competitividade internacional e mantém suas exportações baseadas em produtos primários, e que se não se transformar em produtor de bens derivados da inteligência e do conhecimento não terá ficha limpa no futuro.
Como vamos dar ficha limpa a uma sociedade que tenta corretamente exigir ficha limpa de seus candidatos, mas no dia a dia tolera a corrupção nas prioridades da política? Para um político receber ficha limpa, basta não ter roubado no passado, mesmo que continue com prioridades descomprometidas com o futuro do país. A ficha limpa pode melhorar a ética dos políticos, mas não vai necessariamente mudar a ética nas políticas, fazê-la definidora de prioridades éticas. Não merece ficha limpa o país que tiver seus políticos com ficha limpa, não roubam para si, mas continuam mantendo privilégios, inclusive para si, e investindo o dinheiro público nas mesmas prioridades de políticas em benefício das classes privilegiadas no presente, ao invés de beneficiar todo o povo e as futuras gerações.
         Devemos comemorar que o Brasil, finalmente, tem uma Lei da Ficha Suja para eliminar políticos corruptos, mas precisamos fazer o Brasil ser um país ficha limpa.
Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF
Fonte:O Globo  24.03

segunda-feira, 26 de março de 2012

Jacaré e cobra d'água

Dora Kramer, O Estado de São Paulo

A cada eleição fica pior: os partidos se juntam em alianças desprovidas de sentido programático, presididas exclusivamente pelo afã de conquistar tempo de televisão na propaganda eleitoral obrigatória.
Com isso instala-se um ambiente onde vale tudo. Só não vale o respeito ao direito de escolha do eleitor. Chega às urnas às tontas, privado que foi durante as campanhas do embate coerente de conteúdo. Instrumento essencial para a confrontação de propósitos, ideias e modos de agir de cada um dos partidos ou candidatos.

A consequência mais visível, e danosa, é o aumento da rejeição à política, atividade por meio da qual se exerce a democracia. Ou pelo menos deveria ser exercida tal como é entendida no conceito maior de República.

No Brasil de exotismos partidários não é assim: a sociedade acaba sendo mera espectadora de um jogo cujo roteiro original lhe reservava o papel principal.

Digam com franqueza o senhor e a senhora alheios ao ofício da militância cega se são capazes de distinguir, no mérito, as propostas que os partidos apresentam para as próximas eleições municipais ou se conseguem compreender quem é amigo ou inimigo político de quem.

Tomemos um pequeno pedaço do drama só para ilustrar: em São Paulo o PSD é parceiro do PSDB, cujo adversário principal é o PT com quem faz aliança em Salvador na oposição ao PMDB. Em Recife se alia ao PSB que em Belo Horizonte está junto com o PSDB que tenta seduzir o PT.

Uma corrente sem lógica na qual pouco importa se o aliado de ontem é o adversário de hoje ou o companheiro de amanhã.

A Justiça bem que tentou organizar o ambiente quando, em 2002, tomou por base o caráter nacional dos partidos expresso na Constituição e estabeleceu a regra da "verticalização", obrigando as alianças partidárias a seguir um critério mínimo de uniformidade nos âmbitos nacional, estadual e municipal.

Em 2006, o Congresso votou emenda constitucional para derrubar a norma e institucionalizar a balbúrdia ora em vigor.

Integra da matéria  em Jacaré e cobra d'água

Fonte: Estado

sexta-feira, 23 de março de 2012

"Escravo, nem pensar!" lança a publicação "Tráfico de pessoas-Mercado de Gente"

Repórter Brasil: Cartilha propõe discussão sobre tráfico de pessoas em sala de aula

Para muita gente é estranho falar em tráfico de pessoas. Afinal, pessoas podem ser vendidas em pleno século 21? Mas, por mais incrível que pareça, há casos em todo o mundo de gente que é aliciada, transportada e vendida para ser explorada de alguma forma. No mês da mulher, o “Escravo, nem pensar!” lança a cartilha "Tráfico de Pessoas - Mercado de Gente" e enfatiza que a questão de gênero também tem peso nesse problema: mulheres e meninas são 80% das vitimas desse crime brutal. A maioria delas é deslocada de sua terra de origem, seja raptada ou sob falsas promessas, para ser explorada sexualmente.

Também são abordados na publicação outros tipos de exploração decorrentes do tráfico como, por exemplo, o comércio de órgãos e o trabalho escravo em tecelagens da cidade de São Paulo.

No Brasil, o alvo mais fácil do tráfico de pessoas para exploração sexual são mulheres jovens (entre 15 e 25 anos), com poucos anos de estudo, que começaram a trabalhar cedo e migraram por falta de opções.

Portanto, elas se encaixam no perfil de pessoas vulneráveis por causa da condição socioeconômica e apresentam ainda características específicas: são negras ou morenas, solteiras, com filhos; geralmente foram vítimas de abuso sexual, prostituíram-se e/ou são usuárias de drogas. É importante lembrar que este perfil é o mais comum, mas não o único.

Neste material, você encontrará sugestões de atividades para abordar o tráfico de pessoas na sala de aula. O tema não é simples de ser trabalhado, porque ele traz para o debate a desigualdade de gênero e a visão estereotipada da mulher. Você já refletiu sobre a imagem que as publicidades brasileiras ajudam a construir da mulher? Outros assuntos complexos como a migração, o racismo e a prostituição também podem aparecer nessa discussão. Clique aqui e confira o material, disponível no nosso site.

Repórter Brasil no combate ao tráfico de pessoas

O programa “Escravo, nem pensar!” da ONG Repórter Brasil desenvolve formações em seis estados brasileiros em que o tema do tráfico de pessoas é abordado para que as comunidades se conscientizem do problema e se mobilizem para a sua prevenção. Na cartilha, você poderá conferir outras iniciativas da sociedade civil.
Para o combate desse crime, acreditamos que o diálogo e a disseminação de informações são alguns dos instrumentos principais de ação. No último dia 7 de março, a equipe do “Escravo, nem pensar!” participou de uma mesa de debate em homenagem ao Dia Internacional da Mulher com alunos e alunas de graduação do curso de Serviço Social da PUC-SP. Além do tráfico de pessoas, foram discutidos temas como a violência doméstica e o preconceito. 

Fonte: Repórter Brasil

Ódio e preconceito:assim alimentamos a cultura da violência

Sociedade deve estar atenta às situações que são o percurso da construção de uma cultura da violência

Paula Miraglia

A Polícia Federal (PF) prendeu  quinta-feira  (22.03) dois suspeitos de manter um blog com conteúdo racista e violento. Os posts promoviam o abuso sexual de crianças e adolescentes, além do ódio e agressão a diferentes grupos, entre eles mulheres, negros, homossexuais, nordestinos e judeus. Não é a primeira vez que conteúdo racista e violento circula na internet ou aparece nas redes sociais. A Justiça no País tem enfrentado cada vez mais situações como essa.

Mas além do aparato legal, a sociedade brasileira parece ainda ter dificuldade em reconhecer como esse tipo de comportamento alimenta a violência vivida no cotidiano. Nesse caso específico, a ligação é evidente: além do conteúdo do blog, segundo a PF, os suspeitos estariam planejando um ataque contra estudantes da Universidade de Brasília (UnB).

Mas mesmo sendo o racismo considerado crime nos dias de hoje, o grau de tolerância com condutas racistas ainda é objeto de controvérsia como mostra a polêmica recente em torno do espetáculo supostamente de humor que terminou com a polícia sedo chamada. Tratar um conteúdo agressivo e racista como objeto de piada, além de pouca criatividade, é o tipo de covardia que se esconde sob uma falsa formulação de liberdade de expressão.

Tais eventos contribuem para consolidar a ideia de que o ódio, o racismo e o preconceito podem ser assimilados aos nossos valores. Esse é precisamente o percurso da construção de uma cultura da violência.

É papel do Estado intervir e evitar que esses crimes sigam acontecendo. Mas a criminalização de condutas não é suficiente para tanto. O caso dos blogueiros do ódio foi exemplar nesse sentido. A solução não passou apenas pela previsão legal, ainda que ela fosse fundamental para que as medidas fossem tomadas.

Houve uma mobilização maciça da sociedade civil - foram quase 70 mil denúncias e demandas de providências em relação ao conteúdo criminoso da página. Houve também um esforço de investigação por parte da Polícia Federal que conseguiu identificar e prender os suspeitos. Por fim, a repercussão da prisão, mostra como a sociedade está cada vez menos conivente com esse tipo de manifestação.

É nesse conjunto – que reúne leis, o sistema de justiça, a sociedade civil e a própria mídia – que reside o verdadeiro potencial de transformação social e cultural.

Paula Miraglia, antropóloga
Fonte IG

quarta-feira, 21 de março de 2012

Leci Brandão:Nosso racismo de cada dia

                                Leci Brandão, cantora, compositora e ativista social
 
A organização das Nações Unidas instituiu o dia 21 de Março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, em memória do Massacre de Shaperville, em 1960, quando 20000 mil jovens negros de Joannesburgo na África do Sul, protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde elas podiam circular.
 
Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou na multidão e o saldo da violência foram 69 mortos e 186 feridos.
 
No Brasil, nunca tivemos uma lei do passe explícita, mas, cotidianamente, vivemos as limitações de quem não exerce plenamente sua cidadania. E esses limites podem ser mais perversos, porque não limitam apenas o ir e vir, mas impedem que as pessoas vivam plenamente sua autonomia e liberdade.

Sempre que a polícia persegue um cidadão negro, alegando que este estava em “atitude suspeita”, ou quando seguranças dedicam especial atenção aos cidadãos negros que entram nos supermercados, estamos diante da prova palpável da existência do racismo forjado em nossa herança escravocrata, que faz suas vítimas cotidianamente e que mostra que somos punidos toda vez que tentamos ultrapassar os limites impostos a nós pela sociedade.

Em São Paulo, a imprensa diariamente mostra casos de violência racial e as estatísticas comprovam que o número de denúncias desse tipo de crime tem aumentado no Estado. Contudo, mais grave do que constatar a permanência do racismo é perceber a banalidade e passividade com que esses casos vêm sendo tratados.

O mais recente aconteceu no último dia 17, em Embu das Artes, quando o ajudante de caminhoneiro Ivan Romano foi agredido por dois jovens. Os agressores estão presos por tentativa de homicídio e a acusação de racismo está sendo investigada. Na semana passada, o músico Raphael Lopes chamou a polícia durante um show de comédia, após ser comparado a um macaco por um humorista. Em dezembro do ano passado, a estagiária Ester Cesário, de 19 anos, afirma ter sofrido discriminação no Colégio Internacional Anhembi Morumbi. Segundo Ester, a diretora da escola teria reclamado de seus cabelos e recomendado que ela os prendesse e alisasse.

Tais casos não são isolados. O racismo em nosso país está impregnado na sociedade, que considera normal o fato de negros receberam salários mais baixos e terem menos anos de estudo e, ao mesmo tempo, faz um estardalhaço toda vez que se propõe políticas afirmativas voltadas para a população negra.

É inegável que o racismo cotidiano permanece, mas é inadmissível que ele não seja contestado, que seja banalizado. Para combatê-lo é fundamental termos o amparo legal e a criminalização de práticas racistas, mas devemos olhar com prioridade para a educação e a cultura como ferramentas.

Na Assembleia Legislativa de São Paulo tramitam mais de 40 Projetos de Lei para a promoção da Igualdade Racial. Boa parte deles é relacionada à educação e à cultura. É importante que a sociedade se mobilize e sensibilize os demais deputados para a discussão e aprovação desses projetos que apontam caminhos para combater o racismo e suas consequências desastrosas, que impedem qualquer tentativa de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Leci Brandão,  cantora, compositora e deputada estadual pelo PCdoB

Fonte:Vermelho

sexta-feira, 9 de março de 2012

Especialista Independente da ONU espera que Rio + 20 não repita erro do Fórum Mundial da Água

Relatora Especial das Nações Unidas Catarina de Albuquerque advertiu hoje (09/03) que o direito à água potável e ao saneamento serão postos de lado no 6º Fórum Mundial da Água. Ela espera que o erro não se repita na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será realizada em junho no Brasil.

“Estou confiante de que os Estados-Membros da ONU vão integrar o direito humano à água e ao saneamento em futuros acordos globais”, disse ela fazendo referência às negociações para a Rio+20 e para os objetivos de desenvolvimento pós-2015.

“Os governos estão sendo inconsistentes com suas decisões anteriores sobre o reconhecimento do direito à água e ao saneamento tomadas na Assembleia Geral da ONU”, disse a Relatora Especial para água e saneamento. “Peço aos Governos participantes do Fórum Mundial da Água que alterem o texto do projeto de declaração. Nós ainda temos tempo para fazer isso.”

O Fórum ocorrerá entre os dias 12 e 17 de março em Marselha, na França. Está prevista a participação de delegados de 140 governos, além de organizações internacionais, sociedade civil e da comunidade científica, representando mais de 180 países.

Fonte:ONU Brasil

Relatório da ONU sobre tortura no Brasil deve ser público

Organizações cobram do governo publicidade às recomendações das Nações Unidas, à luz da recém aprovada Lei de Acesso à Informação

Conectas, Justiça Global e a Pastoral Carcerária solicitaram  ao governo brasileiro nesta quinta-feira (8) que dê publicidade às recomendações formuladas ao País pelo Subcomitê para a Prevenção da Tortura (SPT) da ONU, enviadas oficialmente ao Brasil em 8 de fevereiro.

O SPT visitou o Brasil em setembro de 2011. O órgão teve contato com autoridades brasileiras e com representantes da sociedade civil, além de ter visitado centros de detenção, prisões, unidades de internação para adolescentes em conflito com a lei, entre outros. O monitoramento da situação da tortura e de maus-tratos em unidades de privação de liberdade, é feito de acordo com o estabelecido pelo Protocolo Facultativo da Convenção da ONU contra a Tortura (OPCAT).

De acordo com o OPCAT as recomendações são comunicadas confidencialmente ao Estado, que pode decidir torná-las públicas. Com fundamento no direito constitucional de acesso à informação e na recentemente adotada Lei de Acesso à Informação as organizações requisitaram que as recomendações sejam tornadas públicas.

Na carta encaminhada ao Ministério de Relações Exteriores, Ministério da Justiça e Secretaria de Direitos Humanos, as organizações lembraram que a Lei de Acesso à Informação recém-aprovada estabelece um novo marco legislativo em que a transparência é a regra e o sigilo é a exceção. “Ao adotar a nova lei de acesso à informação, o Estado brasileiro tem feito escolhas rumo à superação da cultura da opacidade no Poder Público e à consolidação do Estado Democrático de Direito. Neste cenário, não publicar as recomendações seria um retrocesso” afirmou Juana Kweitel, Diretora de Programas da Conectas.

“A publicação do relatório da ONU é fundamental para conhecer melhor como estamos em relação à tortura e nos fornece balizas para a superação desse mal que insiste em se fazer presente nas práticas institucionais”, apontou José de Jesus Filho, da Coordenação Nacional da Pastoral Carcerária. “Esperamos que as recomendações contidas no relatório sejam prontamente implementadas pelo governo brasileiro, em seus níveis federal, estadual e municipal e só poderemos acompanhar se soubermos quais são essas recomendações”, completa Sandra Carvalho, Diretora Executiva da Justiça Global.

Fonte: Justiça Global

COI visita o Rio um dia após NYTimes destacar remoções arbitrárias na cidade

Por Comunicação, Comitê Popular Rio

O jornal The New York Times destacou nesta segunda-feira, em matéria de capa, a situação das 170 mil pessoas ameaçadas de remoção forçada de suas casas em todo o Brasil por causa das obras ligadas à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Conforme já foi denunciado pelos Comitês Populares da Copa no dossiê Megaeventos e Violações de Direitos Humanos no Brasil, as remoções representam um flagrante desrespeito à legislação e aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil para a defesa dos direitos humanos no país.
                               campinho
Nos últimos 16 meses, milhares de famílias no Rio de Janeiro já foram arbitrariamente removidas de suas casas ou estão ameaçadas em comunidades como Restinga, Vila Harmonia, Largo do Campinho, Favela do Metrô, Rua Domingos Lopes, Rua Quáxima, Favela do Sambódromo, Morro da Providência, Estradinha, Vila Recreio 2, Vila Autódromo e Arroio Pavuna. Não se trata de casos isolados. Uma simples busca no YouTube renderá mais de cem vídeos feitos por cidadãos e testemunhas documentando remoções arbitrárias e violentas.

Nesta terça-feira (6), membros do COI estarão no Rio de Janeiro para monitorar as obras e se encontrarão com o prefeito Eduardo Paes às 8h30. A reunião será fechada e por isso o Prefeito vai falar com a imprensa somente na chegada à Sede do Comitê Organizador dos Jogos, na Avenida das Américas, 899 – Barra da Tijuca. Sugerimos que os jornalistas presentes perguntem ao prefeito Eduardo Paes o que os moradores atingidos, os Comitês Populares da Copa e toda a sociedade brasileira querem saber.

Remoções no Brasil são pauta da imprensa internacional

Outros órgãos da imprensa internacional, como o The GuardianThe Huffington PostAl-JazeeraEl País, já denunciaram as remoções, assim como a Anistia Internacional e própria Relatora da ONU para o direito à moradia adequada, Raquel Rolnik. As denúncias chegam agora ao jornal mais influente do mundo, aumentando a pressão nas autoridades cariocas por mais transparência, novas práticas, e o fim definitivo das remoções ilegais sob qualquer pretexto.

Os Comitês Populares da Copa não acreditam em desenvolvimento que viole os direitos humanos. Por isso, na última visita do COI em novembro de 2011, foi entregue pelo Comitê Popular Rio uma carta e um DVD com essas mesmas denúncias e até agora não houve resposta adequada. Espera-se que a matéria do NYTimes reacenda o debate sobre o real legado dos megaeventos esportivos e abra uma nova oportunidade para a imprensa nacional fazer as perguntas que continuam sem resposta.

Fonte:  Justiça Global    http://global.org.br/
 

sábado, 3 de março de 2012

Maestro Horacio Salgán, talento e amor pela música

Maestro Horacio Adolfo Salgán, afroargentino 

O Archivo Digital Del Tango, na Alianza Francesa de Buenos Aires, digitalizou suas partituras. É um dos maiores pianistas e arranjadores de todos os tempos, com mais de 400 trabalhos. Todos o chamam de Maestro.

Suas partituras  são verdadeiros tesouros para músicos, investigadores e professores. Salgán costumava jogar fora as partituras no final dos concertos e pedia aos colegas que não as copiassem.

Durante anos, os músicos tiveram que escutar milhões de vezes as gravações para entender os arranjos que ele fazia. Agora acabou parte desse mistério. “Arranjos para orquestra típica: tradição e inovação em manuscritos originais” vem preencher este vazio. A edição resgata oito arranjos completos de  Horacio Salgán gravados por su orquestra típica entre 1950 e 1956 para os selos RCA Victor y T.K. Aparecem, entre outras obras, “Mis calles porteñas”, “Aquellos tangos camperos”, “Don Agustín Bardi”, “La llamó silbando” y “A fuego lento”.

Há uma versão em livro, com as partituras originais existentes, que foi editado recentemente pela Biblioteca Nacional e Tangovía, em Buenos Aires.

Fonte: Aqui me quedo

Maestro Horacio Salgán, afroargentino homenageado no Teatro Colón

Horacio Adolfo Salgán, afroargentino um dos maiores  pianistas da história do tango, será homenageado hoje (03.03), às 20h30,  no Teatro Colón, em Buenos Aires pela orquestra que dirigiu e atualmente, está sob a regência  de seu filho, César  Salgán. 

Horácio Adolfo Salgán, nasceu em 15 de junho de 1916 em Buenos Aires, é maestro, pianista, compositor, arranjador, genêro musical tango.Salgán inicia seus estudos do piano aos 06 anos de idade, aos 18 foi contratado pela Rádio Belgrano como musico solista e back-up.Nos anos seguintes segue uma vitoriosa carreira musical. Em 1960 forma o Quinteto Real, com Salgán no piano, Enrique Francini, no violino e Pedro Laurenz no bandoneon.

A homenagem  no Teatro Colón, contará com a presença de  Bandoneonistas históricos que acompanharam Salgán: Júlio Pane, Juan José Mosalini, Néstor Marconi y Ernesto Baffa.

"As Orquestras Sinfônicas do mundo tocam  tango. Por isto realizar esta homenagem no Teatro Colón, é um privilégio", declarou  Cesar Telam Salgán, pianista e maestro da orquestra formada por seu pai.


Horacio, 95,  maestro e compositor,  é um dos artistas mais influentes  da história do gênero, mais pela força de suas idéias musicais, que por sua originalidade de recursos de sua obra.
Salgán, autor de obras  consagradas como: "A Fuego Lentro"  ou "Grillito" recebeu o Prêmio Nacional de Música concedido pela agência Telam e pelo Conselho Nacional de Música, em 2009, pelas mãos da presidente Cristina Fernández de Kirchner, desde então o prêmio leva seu nome.
Na  noite especial no Teatro Colón, além do homenageado Salgán e orquestra, apresentar-se-ão  os solistas do Quinteto Real: Carlos Corrales (bandoneon), julho Peressini (violino), Esteban Falabella (guitarra) e Juan Pablo Navarro (contrabaixo).
 
"Esta homenagem é parte à orquestra de Salgán, é parte de um projeto cultural que reune a música lirica e a popular. Esta experiência é a "abertura" do Teatro Colón "para outras atividades tangueras", declarou  Hernan Lombardi, Ministro da Cultura de Buenos Aires.Repertório incluirá peças clássicas entre elas: "Canaro em Paris", "Gallo Ciego", "O Choclo", "Tierra Querida", "Responso" e "A Fogo Lento".

Fonte:Diário El Comercial 

Maestro Salgán: "Muitas pessoas que se aproximam do tango ou outros gêneros musicais, querem renová-los. Eu não me aproximei do tango para salvá-lo, ou algo parecido.Mas sim, porque tenho amor pela música de meu país - o tango e o folklore, porque tenho respeito e devoção pela música e pelo gênero, neste caso o tango. Eu pratico todos os gêneros: clásico, jazz, etc., mas tenho um respeito quase religioso pela música em si, porque a música é uma ponte para Deus. Respeito os antecessores Arolas, Bardi, Cobián, los De Caro, e não tive a intenção de modificar nada, porque o tango não necessita.Simplesmente com toda modestia expor minha linguagem musical.Nunca me propus ter um estilo, nem fazer renovação, o que criei, foi espontâneo e, o que sentia."

Fonte: Todo Tango