Rio de Janeiro - O historiador e professor da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), André Chevitarese, disse hoje (25) à Agência
Brasil, estar “particularmente surpreso” com os discursos feitos até
agora pelo papa Francisco no Rio de Janeiro, onde participa da Jornada Mundial
da Juventude, e em Aparecida.
Na análise de Chevitarese, são discursos muito acentuados do ponto de vista
social e econômico. “De alguma maneira, nós estamos percebendo uma certa quebra
em um ritmo ditado por João Paulo II e por Bento XVI de evitar politizar
questões relacionadas à miséria, à pobreza, a um anseio por demais excessivo ao
materialismo”.
O professor da UFRJ destacou o tom mais crítico que percebeu no papa
Francisco em relação a um sistema capitalista que prioriza o dinheiro e os bens
materiais. “Ele tem feito críticas que eu gosto muito de ouvir e que, de alguma
maneira, estavam esquecidas. Achei muito interessante isso”.
Para o historiador Oswaldo Munteal, a visita do papa ao Brasil é marcada pela
diplomacia institucional do Vaticano em relação à América Latina, aproveitando o
fato de Francisco ser o primeiro papa da região. “Eu sinto o discurso dele muito
articulado a essa questão. Tanto que ele disse que a Igreja tem que estar nas
ruas, se não se torna uma organização não governamental [ONG]”. Munteal é
professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro e da Faculdades Integradas Hélio Alonso
(Facha), além de pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Segundo Munteal, essa foi uma mensagem não só teológica, mas política, muito
importante do papa. Ressaltou que Francisco vem defendendo uma maior presença da
Igreja nas camadas populares, ou seja, um caminhar com os oprimidos, o que
reforça a ideia do teólogo Leonardo Boff, quando ainda exercia o sacerdócio.
O professor da Uerj destacou ainda que o papa traz uma mensagem de ordem
política interna do Vaticano e também do Vaticano para o mundo. Trata-se do
primeiro papa jesuíta da história, disse. Comentou que os jesuítas têm uma marca
muito significativa da diplomacia, da capacidade de adaptação e de conhecer o
outro. “Esse é outro aspecto importante do papado, que é a ligação com os
pobres. Ele tem reforçado isso, no lado institucional, no contexto
latino-americano”.
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário