segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Mandela se recupera bem, mas excesso de visitantes preocupa

JOHANNESBURGO (Reuters) - O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela se recupera bem de uma infecção respiratória que o levou a ser hospitalizado na semana passada, mas seus médicos acham que o número de pessoas que quer visitá-lo é excessivo.

"Consta que o presidente Mandela está respondendo bem à medicação e ao tratamento", disse o vice-presidente Kgalema Motlanthe em comunicado postado nesta segunda-feira no site da fundação de Mandela (http://www.nelsonmandela.org/).

"Os médicos que estão cuidando do presidente Mandela estão preocupados com o número de pessoas que o visitam. É preciso deixar os médicos fazer seu trabalho sem pressões indevidas", diz o comunicado.

Mandela tem 92 anos e foi internado em um hospital na quarta-feira passada, suscitando receios sobre a saúde do ícone da luta anti-apartheid na África do Sul. Mandela foi o primeiro presidente sul-africano negro, e é reverenciado no país e no exterior como símbolo de reconciliação e esperança.

Ele teve alta hospitalar na sexta-feira e vem recebendo cuidados médicos em sua casa, em um bairro elegante de Johannesburgo.

Um grupo cívico importante e outros setores lançaram um chamado aos sul-africanos no fim de semana para que acendam velas para demonstrar seus votos de boa recuperação para Mandela.
(Reportagem de Jon Herskovitz)

Fotos mostram detalhes inéditos de índios isolados no Acre

BBC Brasil
A Ong Survival International divulgou nesta segunda-feira fotos que mostram, com detalhes inéditos, uma tribo indígena, uma tribo indígena que vive isolada no Estado do Acre, perto da fronteira com o Peru.

As fotos, tiradas pela Funai em março de 2010 e divulgadas nesta segunda-feira, revelam, segundo a Survival, “uma comunidade próspera e saudável, com cestos cheios de mandioca e mamão fresco cultivados em suas roças”.
Segundo a ONG, trata-se da mesma tribo que em 2008 foi fotografada pela primeira vez na história. Desta vez, o fotógrafo conseguiu chegar mais perto dos índios.
A Survival diz que está usando as fotos em sua campanha pela preservação de territórios de tribos isoladas.
“A sobrevivência da tribo está em sério risco por causa de madeireiros ilegais, que estão invadindo o território dos índios isolados pelo lado peruano da fronteira”, diz comunicado da entidade. O temor é que esse processo force a vinda de índios peruanos ao Brasil e os coloque em conflito com índios brasileiros.
“Os madeireiros ilegais irão destruir essa tribo. É vital que o governo peruano os impeça antes que seja tarde demais”, declarou Stephen Corry, diretor da Survival.
“As pessoas nessas fotos são evidentemente saudáveis e prósperas. O que elas precisam de nós é que seu território seja protegido.”
Os índios serão tema do episódio Jungles (“selvas”, em inglês), que o programa Human Planet, da BBC, exibirá na Grã-Bretanha.
Indios isolados que vivem no Acre, perto da fronteira com o Peru, foram fotografados pela FUNAI pela segunda vez, agora mais de perto, segundo a ONG Survival International, que divulgou as imagens. Foto Gleison Miranda/FUNAI/Survival. www.uncontatctedtribes.org./fotosbrasil)



A Survival está usando fotos em sua campanha pela preservação de territórios de tribos isoladas, diz que os índios têm sua sobrevivência ameaçada por madereiros do lado peruano da fronteira. (Foto: Gleison Miranda/FUNAI/Survival.) www.uncontactedtribes.org/fotos/brasil)

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'É vital que o governo peruano  os impeça antes que seja tarde demais', declarou Stephen Corry, diretor da Survival. 'As pessoas nessas fotos são evidentemente saudáveis e prósperas. O que elas precisam de nós é que seu território seja protegido'.(Foto: Gleison Miranda/FUNAI/Survival  http://www.uncontactedtribes.org/fotosbrasil)
ES/01

sábado, 29 de janeiro de 2011

Guillermo Fariñas guerreiro solidário

HAVANA (Reuters) - O dissidente cubano Guillermo Farinas descansava em sua casa no sábado após ser preso e hospitalizado na sexta-feira devido a dores no peito, informou sua mãe.

Farinas e cerca de 15 companheiros foram presos enquanto marchavam em Santa Clara (270 quilômetros ao leste de Havana), em direção a uma estátua do herói da independência nacional José Marti, onde eles planejavam colocar flores para comemorar o 158o ano de seu nascimento.
Foi a terceira vez em poucos dias que o grupo foi detido por organizar protestos pacíficos.

"Chegamos em casa por volta da meia-noite. No hospital fizeram uma série de testes para descobrir por que meu filho estava sofrendo de dores no peito, febre e dor de cabeça," disse Alicia Hernández em entrevista por telefone.
"Guillermo está descansando. Os médicos disseram que ele deveria descansar e que eles iriam continuar os testes na próxima semana," disse Hernandez, uma enfermeira aposentada.

Farinas, de 49 anos, psicólogo e escritor, ganhou a atenção internacional no ano passado por uma greve de fome de 135 dias para exigir melhor tratamento para os presos políticos e a libertação dos que estavam doentes. Ele sofre de epilepsia e tem outros problemas de saúde.

Sua greve de fome foi após a morte na prisão do companheiro Orlando Zapata, durante uma greve de fome. Farinas foi internado e alimentado por via intravenosa, mas recusou alimentos sólidos até Cuba começar a libertar os presos políticos, como parte de um acordo com a Igreja Católica e com a Espanha.

Farinas, vencedor do Prêmio Sakharov de Liberdade de Pensamento do Parlamento Europeu, no ano passado, foi preso por seis horas na quarta-feira, quando ele e outros ativistas tentavam impedir o despejo de uma família de um prédio abandonado.

O grupo foi preso novamente na quinta-feira, enquanto marchava para a delegacia local, onde três associados, detidos naquela manhã, estavam sendo mantidos.

A principal organização de direitos humanos de Cuba afirmou no início desta semana que enquanto o governo cubano está liberando alguns presos políticos, a perseguição aos opositores foi reforçada, por serem considerados mercenários a serviço dos Estados Unidos.
 

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo

Elenice Semini   

O que me dói é sofrer por  compreender  que  em várias partes deste país,  seres humanos são torturados no processo de  escravização e desumanização, para gerar lucro a quem avilta  a dignidade humana de uma mulher, homem ou criança vulneráveis pela situação ilegal e desumana. 

Publicado no Diário Oficial da União, em 29 de outubro de 2009,  Lei nº 12064, institui 28 de janeiro, Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.

A data tem a finalidade de reverenciar a memória de 04 (quatro) auditores fiscais brutalmente assassinados em Unaí/MG,  mobilizar entidades públicas e privadas na organização de atividades que denunciem e estimulem o diálogo com a sociedade sobre o problema do trabalho sob regime de escravização no país. Os trabalhos desenvolvidos  possibilitam  a  pressão social para que as autoridades atuem eficazmente não poupando esforços para erradicação do trabalho de escravização contemporânea, que anula direitos, e desrespeita a dignidade humana.

É impossível silenciar diante deste drama que atinge 25000 trabalhadores entre mulheres e homens, de acordo com estimativas da Pastoral da Terra.

Em  28 de janeiro de 2004 os auditores fiscais do trabalho Nelson José da Silva, Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira, foram assassinados durante período de trabalho en fiscalização na zona rural de Unaí/ Minas Gerais. A data significa a luta pelo fim da impunidade aos mandantes do assassinato, situação que causa dor , revolta, perplexidade e inquietação aos familiares, pela morosidade  no julgamento dos principais envolvidos nos crimes.  

Solidariedade e Indignação:  O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sinait), em Unaí (MG) promoveu na manhã do dia 28 de janeiro/2010, .manifestação em frente ao Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF- 1), Belo Horizonte/MG.

Envolvidos no crime de Unaí (MG): No site Repórter Barsil: consta a informação  que  Antério Manêca um dos réus em liberdade denunciado como mandante do crime, teve seu processo desmembrado dos demais por ter sido eleito prefeito de Unaí (MG) e ter adquirido o direito de ser julgado em foro especial. Por determinação da justiça. Por determinação da justiça, ele somente será julgado após a conclusão do julgamento dos outros acusados.

Outros acusados: Quatro dos acusados encontram-se em loberdade beneficiados por habeas-corpus e outros cinco (acusados de participar da execução) permanecem presos na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG).

Enfrentamento: A Superintendência   Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE/MG) libertou em dezembro/2010,  131 (cento e trinta e uma) pessoas, entre esta s8 (oito) adolescentes, escravizadas em lavouras de feijão.
http://www.ecodebate.com.br/2011/01/13/fiscalizacao-liberta-131-pessoas-escravizadas-na-regiao-da-chacina-de-unai/

Serão deflagradas ações em vários Estados do Brasil como campanha de ação de mobilização por justiça,   e  divulgação à sociedade para mobilização exigindo de autoridades constituídas ações para o fim do que se constitui em Violação de Direitos Humanos.

Brasília (DF) será realizada a Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, com participação da Frente Parlamentar Mista e da Frente Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo dia 03 de fevereiro, às 9:30 em Brasília, abertura será realizada pelo senador Cristóvão Buarque, vice-presidente da Frente Parlamentar,  e o jornalista Leonardo Sakamoto da Ong Repórter Brasil por sua atuação jornalística  apresentará relato sobre a realidade do trabalho escravo no Brasil. Outras importantes autoridades estarão presentes na solenidade.
Onde: Sala da Comissão de Direitos Humanos, do Senado federal.
Aguarda-se a presença da Ministra Maria da Secretaria Espeecial de Direitos Humanos Maria do Rosário.

http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1845

Egito impõe toque de recolher e envia militares às ruas

Tariq Saleh
Enviado Especial da BBC Brasil ao Cairo

O governo do Egito impôs nesta sexta-feira um toque de recolher e enviou militares às ruas para conter as manifestações que se alastram pelo país.
A TV estatal egípcia anunciou que o toque de recolher entraria em vigor entre as 18h desta sexta e as 7h do sábado na capital, Cairo, em Alexandria e em Suez. Segundo o comunicado, os militares trabalharão em conjunto com os policiais para reforçar a ordem.
Espera-se que o presidente Hosni Mubarak, que está no poder desde 1981 e não foi visto em público desde o início das manifestações, faça um pronunciamento nas próximas horas.
As manifestações desta sexta-feira - de proporção sem precedentes na história do Egito - se seguem a três dias de protestos pela saída de Mubarak, em que ao menos oito pessoas morreram e mais de mil foram presas.
As ações foram inspiradas em uma onda de protestos populares que culminou com a queda do presidente da Tunísia Zine al-Abidine Ben Ali, há duas semanas.
No Cairo, policiais entraram em confronto com milhares de manifestantes nas ruas, usando bombas de gás lacrimogêneo e canhões d'água para dispersar a multidão, que respondeu atirando pedras, queimando pneus e montando barricadas.
Oposição
Nesta sexta-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, exortou as autoridades egípcias a permitir protestos pacíficos. "Estamos profundamente preocupados com o uso da violência pela polícia e força de seguranças egípcias contra manifestantes", disse Hillary.
"Ao mesmo tempo, os manifestantes devem evitar a violência e se expressar de forma pacífica", afirmou.
Clique Leia mais: Repórter da BBC diz que foi espancado com barra de aço no Egito
Pontes e estradas foram tomadas por manifestantes. Em Suez, um grupo invadiu uma delegacia de polícia, roubou armas e ateou fogo ao prédio. Choques também foram registrados na cidade de Alexandria.
Locais onde têm ocorrido os protestos no Egito
Há relatos de que centenas de líderes da oposição foram presos durante a madrugada. Ao menos dez pertenceriam à organização Irmandade Islâmica, banida pelo governo.
Outros relatos dão conta de que o líder da oposição e Nobel da Paz Mohamed ElBaradei estaria sendo mantido em prisão domiciliar, mas a versão não foi confirmada oficialmente.
ElBaradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), chegou ao Cairo na última quinta-feira para se juntar às manifestações. Nesta sexta, segundo a imprensa local, alguns de seus partidários foram espancados pela polícia em uma praça no bairro de Gizé ao tentar protegê-lo.
Clique Leia também: ElBaradei se diz pronto para 'liderar transição' no Egito
Confrontos
Após as rezas de sexta-feira, milhares de pessoas atenderam a um chamado da oposição e se juntaram a protestos no centro do Cairo e de outras cidades egípcias para pedir o fim dos 30 anos do governo Mubarak, aos gritos de "abaixo Mubarak" e "o povo quer que o regime caia".
Manifestantes também se reuniram em frente à mesquita Al-Azhar e perto de uma das residências do presidente na capital. O governo francês citou relatos de que quatro jornalistas franceses foram presos em meio aos protestos.
Os protestos paralisaram parte do Cairo, especialmente no centro e arredores. No comércio local, poucas lojas abriram as portas, e as ruas estavam praticamente desertas ainda antes das manifestações começarem.
Em Suez, um dos principais focos dos protestos nos últimos dias, o repórter da BBC Rupert Wingfield-Hayes afirmou que havia choques de grandes proporções entre forças de segurança e milhares de manifestantes, que se reuniram no centro da cidade, também após as preces de sexta-feira.
Havia relatos também de choques em Alexandria, Mansoura e Assuã, assim como Minya, Assiut, Al-Arish e na Península do Sinai.
No Cairo, policiais entraram em confronto com manifestantes
Ao menos oito pessoas morreram e mais de mil foram presas nos protestos
Na noite de quinta-feira, sites como Facebook ou Twitter começaram a apresentar problemas no país, assim como o envio de mensagens por celular.
Um internauta do Cairo, que pediu para não ter o nome revelado, disse à BBC que as mensagens de celular não estavam sendo recebidas.
A operadora de celulares Vodafone Egypt disse em nota: "Todas as operadores de celular no Egito foram instruídas a suspender seus serviços em áreas selecionadas. De acordo com a legislação egípcia, as autoridades têm o direito de emitir tal ordem e nós somos obrigados a cumpri-la".
Diálogo
O governo do Egito quase não dá espaço a posições contrárias, e manifestações da oposição são frequentemente proibidas.
Na quinta-feira, Safwat el-Sherif, secretário-geral do Partido Nacional Democrático, mesma agremiação de Mubarak, disse: "O PND está pronto para o diálogo com o público, a juventude e os partidos legais. Mas a democracia tem suas regras e seus processos. A minoria não pode forçar seu desejo sobre a maioria".
O presidente americano, Barack Obama, descreveu os protestos como o resultado de "frustrações reprimidas" e disse que várias vezes sugeriu a Mubarak realizar reformas. O Egito é um dos mais importantes aliados dos Estados Unidos no mundo árabe.
Em nota sobre as manifestações em curso no Egito, na Tunísia e no Iêmen, outro país árabe que tem vivenciado turbulências, o governo brasileiro expressou sua "expectativa de que as nações amigas encontrarão o caminho de uma evolução política capaz de atender às aspirações da população em ambiente pacífico e sem interferências externas, de modo a dar suporte ao desenvolvimento econômico e social em curso".

O aniversário de São Paulo e a revisão da história

Editorial - No dia em que completou 457 anos, S. Paulo parece ter se dado conta da necessidade da revisão de sua própria história, a começar, pela mudança do significado de palavras como “bandeirantes”, “bandeiras”, e a rever o papel histórico de certos personagens, cuja aura de heroísmo, só se sustenta em séculos de lavagem cerebral e na ignorância da história.

Assim, personagens como os bandeirantes Raposo Tavares (que dá nome a uma das mais importantes rodovias paulistas), Fernão Dias (o caçador das esmeraldas) e Domingos Jorge Velho (o comandante da expedição mercenária que devastou o Quilombo dos Palmares, em 1.695, e assassinou o líder Zumbi), começam a perder a fama de heróis indomáveis, desbravadores dos sertões.

Seus nomes passaram a estar associados à violência, a assassinatos com requintes de crueldade, e à escravização e a morte das populações indígenas, que habitavam o Planalto nos séculos XVI e XVII e XVIII.
A escravização, a morte de indígenas e negros caçados ("preados', como se dizia) nas matas era o padrão nada edificante desses personagens, sobre os quais se ensina nos bancos escolares serem responsáveis por grandes feitos.
De acordo com o relato de jesuítas “na longa caminhada até S. Paulo, chegam a cortar braços de uns [índios] para com eles açoitarem os outros”. E mais: “matam os velhos e crianças que não conseguem caminhar, dando de comida aos cachorros”.

Historiadores passam a lembrar que o mito dos bandeirantes paulistas – assim como o mito da democracia racial – são obra e produto de séculos de propaganda, lavagem cerebral mesmo, puro marketing. A imagem heróica serviu para a ascenção dos cafeicultores paulistas à elite econômica brasileira no final do século XIX. Não por acaso, a sede do Governo paulista chama-se Palácio dos Bandeirantes.

"A partir de 1903, essa orientação foi incorporada à política e o governo estadual passou a bancar obras de arte que apoiassem essa aura mítica. Com o passar dos anos, o mito foi sendo incorporado a outros grupos, que queriam se associar a essa imagem de coragem. Entram aí os constitucionalistas de 1.932, o governo Vargas e até a ditadura militar", relatam Ricardo Mioto, SabineRighetti e Giuliana Miranda, em artigo para o Jornal Folha de S. Paulo, na edição comemorativa do aniversário.

O líder indígena Marcos Terena, em seu blog, lembra que “as Entradas e Bandeiras que aprendemos nas escolas primárias como heróis, foram exércitos de malfeitores que invadiram terras indígenas e destruíram vários povos”.

S. Paulo conta ainda hoje com cerca de 50 mil indígenas – de cerca de 30 nações diferentes – espalhados na região metropolitana, de acordo com levantamento da ONG Opção Brasil, para a Agenda Indígena, da Comissão Intersecretarial de Monitoramento e Gestão da Diversidade (CIM-Diversidade), da Secretaria do Trabalho de S. Paulo, em 2007.

Com números mais conservadores, o IBGE admite a existência de cerca de 35 mil indígenas vivendo na Grande S. Paulo, 25 mil apenas na capital paulista.

Um outro dado que não deixa de ser muito revelador é que, embora seja a cidade com maior população negra do mundo fora da África (é superada apenas pelas cidades de Lagos, na Nigéria, e Cairo, no Egito), com cerca de 3,7 milhões de afro-brasileiros (a população negra corresponde a 30,3% dos 11,2 milhões de habitantes, segundo a Fundação Seade), os negros são os sem espaço.

Na Edição especial SP-457 anos da Folha, o jornal destaca o peso da presença de alemães, italianos, japoneses, nordestinos, judeus, chineses, coreanos, inclusive, destacando os bairros com presença majoritária dessas comunidades. Não há uma única menção a presença negra, nem onde residem os afro-brasileiros.

Neste caso, seria fácil: bastaria percorrer a periferia da cidade, as favelas mais afastadas. Lá estão os quase 4 milhões de afro-brasileiros da cidade, submetidos à condições de desemprego, moradias precárias, à mercê das intempéries e das enxurradas, da violência da polícia, e sobrevivendo com bicos, na informalidade, ocupando o espaço da sub-cidadania.
São Paulo, 25/1/2011

Dojival Vieira /  Afropress

Parabéns, São Paulo! Você continua injusta

De Washington – Amo São Paulo.
Gosto de viver nessa cidade. De acordar, insone, às quatro da amanhã e ter a certeza de que dá para ir a algum lugar. Assistir a filmes ou a peças de teatro que quiser sem ter que pegar uma ponte aérea. Rodar o mundo pelos diferentes gostos de seus restaurantes. Encontrar na diversidade de origens, cores e formas pessoas tão interessantes quantas posso imaginar. De saber que a informação e o conhecimento fluem rápidos, de fora ou de dentro, para a cidade.
Posso rodar o país e o mundo mas invariavelmente volto para aí, meu porto seguro, onde me identifico, onde as coisas fazem sentido. Onde meus amigos, emoldurados pela cidade, me lembram através do reflexo que vejo neles quem eu sou, de onde vim, para onde vou. Nasci aí, mas o mais importante é que adotei a cidade depois que aprendi a andar com as próprias pernas. Ser paulistano não tem a ver com o local onde você teve o cordão umbilical cortado, mas onde você amarrou seu burro.
Amo São Paulo e, por isso mesmo, sinto um aperto no peito. Como posso gostar de um lugar onde o povo não aprendeu a ser cidadão, onde os eleitos se furtam a cuidar da pólis; que pensa que só porque é maior e mais rico, é melhor do que o resto do país; que insiste em se afirmar como reserva moral e guia econômico dos outros estados; que acredita piamente ter sido incumbido de uma missão divina de guiar o Brasil para o seu futuro; que tem como lema que ostenta a sua bandeira “Non Ducor Duco” (Não sou conduzido, conduzo)? Uma cidade que joga para longe os pobres, traz para perto os endinheirados, bate na sua população de rua, espanca homossexuais e ainda reclama da selvageria que ocorre além de Queluz?
O “paulistanismo”, o nacionalismo paulista, funciona como uma espécie de seita radical para os seus adeptos. Mesmo as pessoas mais calmas viram feras, libertando uma fúria bandeirante que parecia, historicamente, reprimida dentro do peito. O pessoal que vira de nome de avenida, escola, praça, escultura, Palácio de Governo. Nossos heróis são Domingos Jorge Velho, Antônio Raposo Tavares, Fernão Dias Paes Leme, Manuel Preto, Bartolomeu Bueno. Repito o que aqui já disse, o fato de São Paulo ter escolhido os bandeirantes como heróis diz muito sobre o espírito do estado.
As pessoas não entendem como um neto de imigrantes, com cara de japonês, paulistano com sotaque carregado e que foi estudante da USP pode escrever coisas assim. Bem, se você gosta de algo e vê problemas nela, tem duas opções: a) ignora tudo e cria um mundo de fantasia na cabeça; b) critica e atua para construir alternativas. Mas, cuidado ao escolher “b”, pois quem chama para o enfrentamento de idéias e propõe mudança no status quo é taxado como baderneiro em São Paulo.
Logo após a fundação da vila de São Paulo de Piratininga, José de Anchieta, com a ajuda de índios catequizados, ergueu um muro de taipa e estacas para ajudar a mantê-la “segura de todo o embate”, como descreveu o próprio jesuíta. Os indesejados eram índios carijós e tupis, entre outros, que não haviam se convertido à fé cristã e, por diversas vezes, tentaram tomar o arraial, como na fracassada invasão de 10 de julho de 1562. Ao longo dos anos, a vila se expandiu para além da cerca de barro, que caiu de velha. Vieram os bandeirantes já supracitados, que caçaram, mataram e escravizaram milhares de índios sertão adentro. Da África foram trazidos negros, que tiveram de suportar árduos trabalhos nas fazendas do interior ou o açoite de comerciantes e artesãos na capital. No início do século 19, a cidade tornou-se reduto de estudantes de direito, que fizeram poemas sobre a morte e discursos pela liberdade. Depois cheirou a café torrado e a fumaça de chaminé, odores misturados ao suor de imigrantes, camponeses e operários.
Mas, apesar da frenética transformação do pequeno burgo quinhentista em uma das maiores e mais populosas metrópoles do mundo, centro financeiro e comercial da América do Sul, o muro ainda existe, agora invisível. Só quem não quer enxergar vê na capital paulista uma terra em que todos têm direitos e oportunidades iguais.
Eu disse no último 9 de julho e reafirmo que a esperança de São Paulo é que uma nova geração, liberal em costumes, progressista politicamente, consciente com relação ao meio ambiente e aos direitos sociais e civis, menos arrogante e com uma atuação realmente federalista, consiga emergir com força em meio à decadência quatrocentona, travestida de modernidade ao longo do século 20, que ainda reina.
Se houve melhora na maneira como a administração municipal trata os mais humildes, isso se deve à sua própria mobilização, pressão e luta e não a bondades de supostos iluminados ou da esmola das classes mais abastadas. Até porque nossos “grandes líderes” naufragam em tempos de chuva e são reduzidos a pó em tempos de seca.
Baseado nisso, eu que não sou pessimista, mas realista, neste 25 de janeiro me encho de forças não-sei-de-onde e peço para acreditarmos em São Paulo, uma vez que a semente da mudança que vai conduzi-la para um lugar melhor, mais justo, está dentro dela mesma. Tenho a certeza de que se a política higienista do município que arrota grandeza não acabar com aqueles que há mais de quatro séculos são “indesejados”, eles vão assumir essa mudança, tomando a rédea de suas vidas, e mudando as nossas para melhor. Pois enquanto a maior parte dos seus habitantes estiver do lado de fora do muro invisível que cerca a cidade, comemorar essa data significa um ato de memória e de luta e não um momento de festa.

Fonte: Blog do Sakamoto

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Especulação da terra inviabiliza moradia popular

Revista Caros Amigos Edição Maio/2010. Participaram: Bárbara Mengardo, Gabriela Moncau, Hamilton Octavio de Souza, Júio Delmanto, Lúia Rodrigues, Otávio Nagoya, Tatiana Merlino.
A arquiteta Ermínia Maricato tem uma longa trajetória de reflexão teórica e enfrentamento dos problemas urbanos, como profissional e como militante do PT. Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, coordenadora do programa de pós-graduação (1998-2002), foi também secretária de Habitação de São Paulo (1989-1992) e secretária-executiva do Ministério das Cidades (2003-2005). Na entrevista a seguir ela faz uma análise profunda e reveladora da situação caótica das cidades brasileiras. Vale a pena ler.
Hamilton Octávio de Souza – Onde você nasceu? O que estudou? Fale sobre a sua trajetória.
Ermínia Maricato – Eu nasci no interior do Estado de São Paulo, em uma cidade chamada Santa Ernestina, mas vim muito cedo para São Paulo. Meu pai foi camponês, mas se tornou um pequeno empresário, tinha uma granja de aves. A família é três quartos italiana e um quarto portuguesa. Nós tivemos que vir para São Paulo porque a minha mãe tinha uma doença, hoje eu sei que é psíquica, mas no interior nós não sabíamos bem o que era. Com 5 anos eu vim para São Paulo, estudei em escola pública, que era maravilhosa, morei no Brás e, enfim, sempre gostei muito de estudar, minha mãe não queria que eu estudasse, o meu pai me deu toda a força, acho que não tem tanta novidade aí. Foi um período em que era possível um filho de europeu, mesmo que viesse do campo, era fácil ter ascensão social em São Paulo. Foi o que aconteceu com o meu pai, ele amealhou um certo patrimoniozinho, então não é a mesma condição que o filho de camponês brasileiro, que tem origem muitas vezes na herança escrava, uma condição diferente. Bem, eu fiz química industrial no nível médio, comecei a faculdade de física na USP, depois é que eu passei para arquitetura; mas hoje eu acho que errei, estou muito apaixonada pela terra, por agricultura, por agricultura orgânica. Atualmente pertenço a uma associação que tem uma gleba de Mata Atlântica e nós estamos fazendo um pomar de frutas em extinção da Mata Atlântica, esse é o meu hobby atual. Então eu estou tão encantada, tão impressionada com a força e a exuberância da Mata Atlântica que fico pensando como nós conseguimos destruir essa riqueza.
Lúcia Rodrigues – Como surgiu essa ideia?
A associação já existia. Eu cheguei em um amigo e falei: acho que a gente devia comprar um pedaço de mata para deixar lá. E aí ele falou: mas eu já estou em um lugar que tem isso e tal. Aí eu fui, me encantei, entrei na diretoria. Temos uma médica homeopata como presidente, temos várias tribos ali, temos sete nascentes de água, então nós estamos trabalhando no tratamento e distribuição dessa água e agora nós passaremos a discutir o lixo, o esgoto.
Tatiana Merlino – Onde é?
Fica a uma hora de São Paulo, em São Lourenço da Serra. Então é a minha paixão atual e eu fiquei muito impressionada de como é que eu não fui para a agricultura, pois tem muito a ver com a questão ambiental. Eu comi uma fruta quando era criança e morava no interior que chamava pindaíva, é uma fruta lindíssima, vermelha, parece uma fruta do conde, ela é de uma árvore muito alta e aí eu falei: Mas cadê a fruta? Não existe mais. Então eu fui pesquisar e consegui, depois de muito procurar, achar uma muda da pindaíva, hoje nós plantamos quatro mudas lá no vale e aí tem outras frutas que eu nem sei o que são, comprei outras mudas, fui atrás, agora eu estou pesquisando isso. Lá tem uns malucos que entram na mata, pegam semente, estão plantando, tem um pessoal interessante. Eu gosto mais de falar disso do que falar de cidade, meu Deus do céu. O que eu quero deixar de fundamental em relação a questão urbana é que as cidades vão piorar.
Lúcia Rodrigues – Mais ainda?
Muito, muito.
Lúcia Rodrigues – Por que, professora?
Porque não tem nada sendo feito para contrariar o rumo.
Júlio Delmanto – As cidades que você diz não são só as grandes, né?
Não só as grandes, porque as cidades que mais crescem atualmente são as médias no Brasil, não são as metrópoles, as metrópoles deram uma recuada, desde a década de 80 as metrópoles estão crescendo menos e as cidades médias estão crescendo mais.
Tatiana Merlino – Nada está sendo feito nos âmbitos federal, estadual e municipal?
Não é só uma questão de governo. Primeiro não é uma questão restrita a governo, é uma questão do capitalismo periférico, eu quero fazer questão de falar isso porque muita gente fala: ah! falta vontade política! Eu vou dizer que tem problemas que são estruturais. Um deles: o mercado residencial, no capitalismo periférico, atinge uma pequena parte da população. Até 2004, quando começa uma mudança na política habitacional, da qual eu fiz parte, o mercado brasileiro produzia para 20% da população. Em São Luís (MA) é para 10% da população. Eu fico pensando, pela minha experiência, que São Paulo, por exemplo, chega a 40% da população, mas quando você vai para São Luís ou Belém (PA), o mercado não chega a 10% da população. O  mercado, esse sim, segue a lei, que tem um investimento, às vezes tem um financiamento, ou às vezes até mesmo a empresa incorpora o teu financiamento, você faz um projeto que é aprovado na prefeitura de acordo com a legislação de código de obras, legislação de parcelamento do solo, legislação de zoneamento, aí isso é lançado, tem compradores que também podem ter um financiamento. Isso é o que? No Canadá, na Europa, nos EUA isso atinge de 70 a 80% da população. No Canadá isso é muito claro: 30% da população precisa de subsídio para comprar moradia. Aqui no Brasil é o oposto: tem 70% da população. Varia de cidade, de região, se tem uma classe média maior, esse número é maior, se você tem uma classe média menor, como as cidades do Norte e Nordeste, esse número é menor. Então, vivemos em uma sociedade em que uma parte da população se vira, ela não se integra ao mercado e não tem política pública para chegar nela. O financiamento, o investimento público habitacional ampliou muito a partir de 2004, é impressionante o aumento nos últimos anos. Mas na sociedade brasileira a classe média não entra no mercado. O que quer dizer que a classe média não entra no mercado? O policial, o funcionário da USP, o professor secundário mora em favela, isso é uma coisa comum. Então, o Brasil é um país típico de capitalismo periférico, onde um trabalhador regularmente empregado, com estabilidade no emprego, que é o caso de um funcionário público, não tem acesso à moradia no mercado.
Tatiana Merlino – Esse “se vira” a que você se referiu é equivalente ao déficit habitacional que há no Brasil?
É mais do que o déficit.
Tatiana Merlino – Qual é o déficit habitacional hoje do Brasil?
Olha, o déficit deve estar entre os 7 e 8 milhões, o déficit é sempre uma coisa que deve ser discutida, né? O que você considera déficit? Uma das questões que discutimos no ministério, por exemplo, é que o IBGE considera déficit a convivência de famílias e às vezes é uma decisão sua conviver com mais de uma família. Então, devo ou não considerar isso déficit? O que eu quero dizer é o seguinte: “parte da população brasileira se vira” significa que ela arruma terra, eu tenho muita restrição para usar a palavra invadindo, porque os movimentos sociais não gostam, digamos que ocupando ilegalmente, mas esse ocupando ilegalmente é uma coisa muito vasta. E construindo as próprias casas, como o Chico de Oliveira mostrou em um artigo que ficou clássico, em 1972, que essa autoconstrução, essas ocupações ilegais não eram uma coisa espontânea  ou decisão deles, aquilo era o resultado do rebaixamento da força de trabalho, quer dizer uma força de trabalho que não ganha para comprar uma casa, para pagar para alguém construir, mas não dentro da lei, não é dentro do mercado, não consegue comprar a  terra. E a terra é um capítulo a parte. Então essa condição de ilegalidade é geral no Brasil. Tem um município perto de Belém, Ananindeua, ou outros municípios na periferia de Recife, Salvador, Fortaleza, onde 90% dos domicílios são ilegais. Quando você chega à região metropolitana de Fortaleza o próprio IBGE dá 33% da chamada sub-habitação. Nós temos alguns estudos, não temos dados fidedignos, mas isso já mostra um pouco o que é a realidade brasileira. Quanto por cento da população brasileira mora em favela? Tem alguns trabalhos que mostram que há uma grande diferença de uma cidade para outra no Brasil, mas que a exceção que seria uma casa ilegal, construída completamente fora da lei em uma terra ocupada de forma completamente irregular, construída aos poucos, sem qualquer conhecimento de engenheiro ou arquiteto etc., é regra, não é mais exceção. Veja bem, o que era para ser exceção virou regra e o que era para ser regra virou exceção.
Tatiana Merlino – Essa é uma característica do capitalismo periférico?
É. Você vê isso no mundo inteirinho e varia um pouco em cada país. A Argentina, que já teve uma condição muito melhor socialmente na América Latina, agora está em uma situação dramática. Na Argentina você tinha menos disso, algo em torno de 20 ou 30 anos atrás, ela era mais formal, a cidade na Argentina. Fui convidada para ir a um encontro sobre moradores de rua na Argentina, eles ficaram encantados com a nossa política de morador de rua e aí eu falei: Bom, mas vocês não tinham porque vocês não tinham morador de rua e no Brasil tem há muito tempo. Se você vai para o Chile você tem uma formalidade maior na cidade, tem uma classe média mais forte. Agora o resto, Bolívia, Venezuela, que eu andei pelos morros em volta de Caracas, o próprio México, você tem uma situação que é pior do que algumas metrópoles brasileiras, porque o Brasil tem algumas coisas que são mais ricas e algumas coisas que são mais pobres.
Hamilton Octávio de Souza – Mas esse processo não está sendo revertido?
Ao contrário, as cidades do mundo estão se empobrecendo. Se você pegar a África é impressionante o que está acontecendo.
Hamilton Octávio de Souza – E São Paulo? O que acontece em São Paulo?
São Paulo está assim: o município concentra, se não me engano, 22% da população que ganha acima de 20 salários mínimos do Brasil. Então você tem uma grande concentração de renda em São Paulo, Ribeirão Preto, Santos, e Brasília – no plano piloto. Então você tem uma condição de expulsão da população desses municípios mais ricos.
Hamilton Octávio de Souza – A favelização aqui tem sido crescente, não tem? Desde a década de 50?
Mas muito mais nas periferias. Se eu pegar Cajamar, Franco da Rocha, Itapecerica da Serra, Embu, Embu-Guaçu, você tem uma periferização com o aumento da violência, com uma queda geral de índices e a gente trabalha com média, o que é complicado.
Lúcia Rodrigues – A concentração do capital é o que está levando ao empobrecimento das cidades, é isso?
Não é só. Você tem assim uma tradição de desigualdade histórica, você tem nesses países essa questão estrutural da informalidade tanto no trabalho quanto na ocupação do solo, então nós temos ilhas que são cidades do primeiro mundo, isso é tudo inadequado. Por isso que eu acho engraçado dizer que a questão é técnica. Na verdade nós copiamos a lei de zoneamento, toda a legislação do primeiro mundo e aí a gente garante uma ilha onde o resto não cabe. Para inserir a população pobre nessa cidade eu preciso  transformar o conjunto, isso foi o que discutimos no Fórum Urbano Mundial e no Fórum Social Urbano.
Júlio Delmanto – Existe alguma diferença entre esses países que são chamados em desenvolvimento em relação ao resto da periferia?
Sim. O Brasil é diferente. É uma economia forte. É um player internacional. Ele passou de “nada dava certo” para “país do futuro” ou “do presente”. Mas a desigualdade é uma coisa escandalosa no Brasil. A África do Sul me impactou porque ela saiu do apartheid, em que a segregação, diferentemente da nossa, era jurídica. Então você não podia ir para a cidade se você fosse negro, a menos que você tivesse um passe. Vencer essa segregação quando o Mandela ganhou parecia fácil. Mas existe um problema que está atingindo todo o terceiro mundo que é a questão da terra. A questão da terra não foi superada com a luta contra o apartheid. Aliás, foi uma coisa que me impressionou muito, que eu ouvi de vários líderes: se a terra tivesse entrado em negociação, a paz não acontecia.
Hamilton Octavio de Souza – O que é a questão da terra? É a terra urbana?
É a terra urbana e rural. A terra está na essência da alma brasileira. A desigualdade no Brasil passa essencialmente pela questão fundiária. Campo e cidade. Só terminando a história dessa segregação, não tem nenhum mistério. Uma parte da população constrói as casas, constrói fora da lei e não tem lugar nas cidades. Às vezes os planos diretores não disseram onde os jovens iam morar, porque todo plano diretor é seguido de uma lei de zoneamento e a lei de zoneamento é lei para o mercado, e a nossa população tá fora do mercado. Então os urbanistas estão trabalhan do em um espaço de ficção, com realidade de ficção. Aliás, essa ausência dos engenheiros nem se fala. Eu quero falar depois do estrago que a engenharia fez em São Paulo.
Lúcia Rodrigues – Essas leis que você citou funcionam?
Nada. O estatuto da cidade é um sucesso no mundo. Do Brasil para o mundo. Eu sou convidada a consultoria internacional o tempo todo por conta do estatuto da cidade. Eu fui a poucos lugares, mas para onde eu fui eu falei que não está sendo aplicado no Brasil. Não está sendo aplicado.
Tatiana Merlino – Existe uma política habitacional para resolver essa questão do controle do solo?
Lei nós temos. O estatuto da cidade é ótimo. Constituição Federal nós temos. Só que nós não aplicamos a função social da propriedade. Só terminando aquilo. A nossa lógica é que a mão de obra barata de que o Celso Furtado falava muito, que garante a exportação de riqueza, que garante uma elite conspícua, que é patrimonialista, que se agarrou a este Estado e fez dele o que fez, tem a lógica de que nós temos que ter uma mão de obra absolutamente rebaixada no seu preço para poder segurar essa relação.
Lúcia Rodrigues – Mas isso não é anticapitalista? Por que se você tem gente ganhando mais, injeta força e fluxo no mercado.
É engraçado isso. Porque o Ford descobriu que os operários precisavam ganhar melhor para que o capitalismo fosse melhor em 1905, início do século 20. Não é essa a lógica no Brasil. Inclusive uma das coisas que nós nos perguntamos é se o capitalismo brasileiro, principalmente a burguesia nacional, porque as transnacionais não estão nem aí se vão esgotar as reservas, se as cidades vão virar um negócio inviável, pretende se tornar viável. O capitalismo no Brasil não está preocupado em viabilizar. As nossas cidades estão ficando inviáveis. O automóvel está inviabilizando não só São Paulo, mas todas as cidades brasileiras. Brasília está também com um problema seríssimo de trânsito. Então você tem um problema que também é estrutural. A indústria automobilística é responsável por 20% do PIB do mundo, se eu colocar a exploração de petróleo, a distribuição de petróleo, toda a indústria da borracha, das autopeças. E todas as obras nas cidades são uma questão de infraestrutura para o automóvel andar. Quebrar esse modelo é o que seria necessário para incorporar os pobres.
Lúcia Rodrigues – E como se quebra esse modelo?
Vamos primeiro falar da terra. Porque esse “como se quebra esse modelo” é uma reflexão muito difícil para eu fazer depois que eu saí do governo federal. A terra no Brasil durante vários séculos, a propriedade da terra, esteve ligada à detenção de poder social, político e econômico. É interessante perceber em uma cidade como São Paulo como é que a área de proteção dos mananciais, que é uma área protegida por lei federal, estadual e municipal e planos de tudo quanto é tipo, está sendo ocupada. O poder de polícia sobre o uso do solo tem cinco organismos: a Sabesp, a Cetesb, Eletropaulo, o poder municipal sobre o parcelamento do solo, e a Polícia Florestal. Todo mundo é responsável pela fiscalização. Então não falta lei, não falta plano. É bem importante deixar isso claro. Estou cansada de ouvir gente dizendo que falta  planejamento, falta plano diretor. Não falta nada. E não falta lei no papel. O que falta é que essa população tem que morar em algum lugar. E ela vai morar onde? Então pensa na população que chega na cidade de São Paulo. O centro está se esvaziando. Isso  parece incrível, aliás, em todas as cidades brasileiras grandes. Então nós temos em área de proteção dos mananciais, já vi secretário de meio ambiente falar em um milhão e quinhentas mil pessoas. E já ouvi gente da Empresa Metropolitana de Planejamento falar em dois milhões de pessoas. É uma ligeira margem de dúvida. Isso mostra que nós não sabemos quantas pessoas moram na área de proteção dos mananciais.
Hamilton Octavio de Souza – Qual a consequência disso para o abastecimento de São Paulo?
Nós estamos buscando água na bacia do rio Piracicaba. Falam em buscar água serra abaixo. Estão falando em buscar água não sei mais onde no vale do Paraíba, e nós temos duas represas em que a água vem por gravidade, mas a água está crescentemente contaminada, e eu estou me referindo à contaminação recém-descoberta de que mesmo depois do tratamento existem hormônios e antidepressivos na água. Mas isso é outra coisa, são pesquisas mais recentes. Eu tenho então uma metrópole na área de proteção dos mananciais. E se os governos decidissem cumprir a lei? Não entra mais ninguém ou tem que sair? O que aconteceria? Os conflitos do MST iam ser refresco. Eu já tive aluno que afirmou que haverá guerra civil. Eu concordo. Se voce de repente pega todo mundo que ocupou os morros do Rio de Janeiro, que estão desmoronando, ou dos morros de São Paulo, que desmoronaram meses atrás, e proíbe de ocupar, é guerra. Mas aí alguém fala: tem que ter uma política habitacional. Tem. Metade da população do Rio de Janeiro mora em domicílios ilegais. Como é que você faz uma política habitacional para incorporar metade da população sem uma completa revolução com a terra? Sem uma completa mudança na característica do mercado imobiliário? Sem uma completa mudança no direito de propriedade? Sem uma completa mudança da forma de ação do Estado? De que jeito?
Tatiana Merlino – Mas como é muito pouco provável que aconteça, para onde a gente vai caminhar?
Nós estamos caminhando para o caos.
Tatiana Merlino – O que aconteceu no Rio de Janeiro é a prova disso?
É. O que aconteceu em São Paulo, em todas as cidades, é a maior prova disso. Se você somar a falta de controle de uso e ocupação do solo, que não existe a consciência de que é necessário controlar, mais a falta de planejamento com a questão da macrodrenagem… E ainda com mais incentivo para a matriz automobilística, nós vamos piorar.
Lúcia Rodrigues – Mas como romper com esse modelo?
Eu acho sinceramente que não vai ser simples. A questão da terra sempre foi muito clara no campo, mas ela não foi muito clara na cidade. Por quê? Porque ninguém se dava conta de que a regra era exceção e a exceção era regra.
Lúcia Rodrigues – Mas qual é o problema da terra?
Um aluno meu me mostrou a funcionalidade da confusão registrária no Brasil. Ele mostrou que nos parques estaduais paulistas existiam sete andares de registro de propriedade no mesmo pedaço de terra. Por quê? Porque a história do registro de  propriedades no Brasil é uma história de fraudes. Eu desagradei muita gente, mas falo isso o tempo todo. A história da propriedade privada no Brasil é uma história de fraudes sistemáticas. Não é que você tenha uma fraude ou outra. É regra de novo. O Ariovaldo Umbelino mostrou em uma de suas palestras (ele é um geógrafo competente, se aposentou da USP) um anúncio de venda de uma propriedade de 40 mil hectares, no qual a grande vantagem que oferecia era uma escritura de 4 mil hectares. Porque a cerca anda. Então ter uma escritura já é uma maravilha. E a cerca anda no Brasil. Então o que me impressionou na tese do Joaquim de Brito, esse meu aluno, é que o governo não tem nenhum interesse em cancelar registros que se revelam falsos.
Tatiana Merlino – E no caso da Cutrale?
Esse é outro exemplo que eu adoro dar. Quer dizer, para a mídia brasileira foi muito mais importante a derrubada de meia dúzia de pés de laranja do que o patrimônio público ser apropriado privadamente. Ora, é regra. O Pontal todo. E a polícia e o Judiciário têm a coragem de atacar o MST, que é meia dúzia de gente pobre que quer o mínimo, que é o acesso à terra. Vai fazer a discriminatória das terras públicas que você vai ver quanto esse país vai ganhar de terra!

Bárbara Mengardo – Existe uma estimativa de quantos hectares de terras griladas são ocupadas por grandes empresas?
Na verdade os documentos são produzidos. Foi isso que eu verifiquei com a tese do Joaquim de Brito, que, aliás, eu pedi que ele produzisse um texto que fosse mais palatável para a linguagem de um livro e ele morreu na madrugada que ele escreveu o texto. Aprendi muito com ele porque ele tinha documentos de todas as terras e dizia: “Olha, ainda tem registros novos aparecendo”. Ele mostrou que tinha propriedade no litoral que subia a serra. E aí quando eu vejo a mídia atacar o MST eu fico absolutamente impressionada. Em um país onde a história da propriedade é de fraude. Eu resolvi juntar livro sobre isso. Aí eu comecei a ver que nós temos uma produção gigantesca sobre a fraude na propriedade da terra, sobre as disputas de terra, sobre morte.
Lúcia Rodrigues – Quem está por trás disso? São os cartórios? É o governo?
Tudo. É a sociedade brasileira. É poder vinculado à propriedade.
ES/J

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Presidente dos EUA Barack Obama recebe visita do presidente da China Hu Jintao

                            Hu Jintao com Joe Biden

Tem início hoje (terça-feira) a visita do presidente da China  Hu Jintao, a Washington. Antes da visita de  Estado, o presidente Barack Obama vai receber o presidente  Hu Jintao para um pequeno  jantar privado. 
O jantar tem pequena lista de convidados: Hillary Clinton e o assessor de Segurança Nacional Tom Donilon.  

O assessor de Segurança afirma que o encontro "Mais uma vez refletirá que nossas relações estão evoluindo e, representa a oportunidade de  conversa franca e muito menos formal do que normalmente iria ser, em uma reunião entre a China e os EUA.
A agenda propõe debate sobre direitos humanos, temas geopolíticos, economia global.

Em meio a crise econômica, graves riscos ambientais e de segurança esta visita tem significado  histórico.

ES

"Internet é democracia e não pode ser controlada", diz Al Gore

"Defendam a internet. Ela não pode ser controlada por governos ou grandes corporações. A internet é do povo."
Essa foi uma das frases do ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore durante sua breve apresentação durante o segundo dia da Campus Party, evento de tecnologia e entretenimento que acontece até domingo em São Paulo
Durante seu discurso, Al Gore afirmou que a internet traz a democracia à vida real e que a neutralidade da rede deve continuar.
"A forma como se usam as ferramentas tecnológicas é absolutamente importante. Sigam seus corações e mantenham os sonhos das pessoas vivos, não deixem que a rede seja controlada", afirmou.
A discussão vem em um momento em que a neutralidade da internet é questionada, inclusive por iniciativas de empresas globais sobre a possibilidade de priorizar conteúdo de acordo com a vontade do usuário no momento.
Outra forma de interferência também apontada pelos especialistas é o bloqueio da rede por companhias de telefonia ou acesso à internet como forma de "proteger" a rede e evitar o consumo de banda.
Sob a ótica dos especialistas, todo conteúdo e toda navegação deve ser tratada da mesma forma, sem privilégios ou proibições e sem interferências
O tema também foi abordado por Tim Berners-Lee, um dos criadores da rede, que também participou do painel.
"Quando alguém tentar impedir que vocês acessem um conteúdo, protestem. Em paz, mas protestem", disse Berners-Lee.
As formas podem ser diferentes, segundo ele. Pode envolver desde protestos silenciosos, como posts em blogs e no Twitter ou também ganhar proporções maiores, como reclamar com a companhia telefônica que bloquear o acesso, por exemplo.
"Essas são revoluções silenciosas que ganham as ruas", afirmou.
Fonte: Folha Uol

Michelle Obama aniversário e solidariedade

Michelle Obama primeira-dama dos Estados Unidos comemorou seu aniversário em 17 de janeiro p.p., no  dia Martin Luther King Day ao lado de sua famíla, participando da prestação de serviço à comunidade, na escola Stuart Hobson.
Belo exemplo de solidariedade e amor ao próximo.

O presidente Barack Obama afirmou: "Este é um exemplo de como o aniversário de Martin Luter King deve ser, exaltou os projetos iniciados em todo os país, com a participação da comunidade".

Presidente Obama  ressaltou: "O doutor King teve um sonho de justiça e igualdade em nossa sociedade, mas também teve um  sonho de serviço que podemos repetir ajudando em nossas comunidades".

Os voluntários que participaram do projeto de reforma (e pintura) da escola em Washington cantaram parabéns para Michelle, que alegremente agradeceu.

A família Obama pintou algumas frutas na parede do refeitório da escola para chamar atenção dos estudantes sobre a importância da alimentação saudável, uma das campanhas da primeira dama.

No domingo a família Obama foi a igreja episcopal metodista Metropolitan African,  a primeira dama foi carinhosamente homenageada, antecipadamente.

"Cada dia é o dia do julgamento, e nós com nossos atos e nossas palavras, com nosso silêncio e nossa voz, vamos escrevendo continuamente o livro da vida. A luz  veio ao mundo e cada um de nós deve decidir  se quer caminhar na luz do altruísmo construtivo ou nas trevas do egoísmo, a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: O que fiz hoje pelos outros?"   Rev. Dr. Martin Luther King Jr.

"Não se honra a cultura comemorando o genocídio." Rev.Dr. Martin Luther King Jr.


Michelle festejou o 47º aniversário participando com sua família de ato social para comemorar o Dia de Martin Luther King. Foto: AP
Foto: AP
 
ES

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Presidente Barack Obama participa do Martin Luther King Day

O Presidente dos EUA Barack Obama, a Primeira dama Michelle Obama e as filhas Malia e Sasha, participaram de projeto de serviço comunitário, na escola secundária Stuart Hobinson em comemoração do Martin Luther King, Jr.  dia de serviço, em Washington, DC, em  17 de janeiro, de 2011.

Presidente Obama Participa de Martin Luther King, Jr. Day of Service
Presidente Obama Participa de Martin Luther King, Jr. Day of Service
 
 
Michelle Obama Participa de Martin Luther King, Jr. Day of Service
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Martin Luther King Day

 “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”
“Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele.”
“Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos a simples arte de vivermos como irmãos.” Reverendo Dr. Martin Luther King Jr.                                                                                                                               
Terceira segunda-feira de janeiro de cada ano celebra-se nos Estados Unidos, o Feriado Nacional Martin Luther King Jr. Day. São várias atividades  em homenagem ao líder  Luther King Jr nascido em 15/01/1929.
Reverendo Dr. Martin Luther King Jr. foi uma das maiores lideranças no Movimento dos Direitos Civis dos negros nos EUA e, do mundo com uma campanha de luta por justiça sem violência. 
Suas palestras e diálogos foram importantes para formação de consciência, organização política e tolerância. A  liderança carismática inspirou homens, mulheres, jovens e velhos, nos EUA e no mundo, na luta contra o racismo, injustiças e opressão.
Em 01 de dezembro de 1955, Rosa Louise Mc Cauley, conhecida como Rosa Parks, uma costureira negra, recusou-se a ceder seu lugar no ônibus a um homem branco, dando inicio ao “Boicote aos ônibus de Montgomery", o que motivou o inicio de enfrentamento e protestos às leis segregacionistas e injustas.
O jovem pastor negro Luther King Jr. solidariza-se com Rosa Parks e passou a co-liderar uma campanha que durou 381 dias, neste período várias ameaças foram feitas à sua vida, foi preso e viu sua casa, ser atacada. Não desistiu, continuou sua luta pelo fim das injustiças.
A campanha boicote encerrou-se com a decisão da Suprema Corte de Justiça Americana, que julgou ilegal a discriminação racial em transporte público.
Luther King Jr. organizou e liderou marchas a fim de conseguir o direito ao voto,  fim da segregação, fim das discriminações no trabalho, foi um incansável batalhador pelo respeito à dignidade humana.
Na Marcha em Washington, em 28 de agosto de 1963, nas escadarias do Lincoln Memorial,  fez seu discurso célebre "I Have Dream."
Em 14 de dezembro de 1964 tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, que lhe foi outorgado à sua liderança na resistência não violenta e pelo fim do preconceito racial nos EUA.
Em 1964 foi aprovada a Lei dos Direitos Civis e a Lei de Diretos Eleitorais em 1965.  
Na Marcha em Washington, em 28 de agosto de 1963, nas escadarias do Lincoln Memorial, pronunciou o célebre discurso: “I Have Dream.”
Em 14 de dezembro de 1964, foi a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, que lhe foi outorgado por sua liderança na resistência não violenta e por sua luta pelo fim do preconceito racial nos EUA.
Dr. Luther King, Jr. acreditava em uma nação de liberdade e justiça para todos, e encorajou cidadãos a viver de acordo com a finalidade e potencial da América, aplicando os princípios da não violência para fazer dos EUA um lugar melhor para viver.Enquanto Dr. King pregou sobre a justiça, capacitação, o amor e paz, empenhou esforços no  combate à pobreza e miséria.
Dr.  Luther King Jr. que sempre pregou a paz, foi baleado enquanto estava na varanda do Motel  Lorraine, em Memphis, Tennesee, e faleceu em 04 de abril de 1968.Ele tinha ido a Memphis, para auxiliar os trabalhadores do saneamento de chumbo em um protesto contra os baixos salários e condições degradantes de trabalho.
Em homenagem ao pacifista  foi instituído em 1986, durante a presidência de Ronald Reagan o Martin Luther King Jr. Day.
Em 1994, o Congresso designou 3º domingo de janeiro Dia MLK de Serviço, é o único feriado federal observado como um dia nacional de serviço comunitário.
MLK 25 Challenge: É um convite a todos os americanos para trabalhar em conjunto, na busca de soluções para os problemas nacionais. É oportunidade de reverenciar a memória do Dr. King comprometendo-se a realizar pelo menos 25 ações em 2011, para  fortalecer  comunidades, agir com solidariedade e demonstrar amor ao próximo.
Desde 1993, nos EUA, o feriado Martin Luther King, Jr. Day é cumprido em todos os estados do país.
Visite o site Martin Luther King, Jr.  Day Of Service   http://mlkday.gov/
ES.









ONU prioriza combate à pobreza e às armas nucleares em 2011

                                                                 Mônica Villela Grayley, Rádio ONU

Em reunião de Assembléia Geral, o chefe da ONU Ban Ki-moon, declarou que o combate a pobreza, ao aquecimento global, e às armas nucleares são prioridades na  agenda da instituição.

Desafios

Ao todo a ONU terá 08 prioridades, incluindo o empoderamento das
mulheres.
Num discurso Ban disse que o sucesso  em alcançar as metas depende da atuação de todos os 192 países-membros.

Direitos Humanos

O Secretário Geral afirmou que a promoção de um mundo mais seguro é prioridade da ONU, além de avanços na questão dos direitos humanos, melhorias na resposta a crises humanitárias e o fortalecimento interno da organização para enfrentar o século 21.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Presidente Barack Obama pede união em resposta à tragédia no Arizona

BBC Brasil em Washington
Alessandra Corrêa
Obama e Michelle se reuniram com sobreviventes do ataque
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, participou nesta quarta-feira de uma cerimônia em memória às vítimas do ataque que deixou seis mortos e 13 feridos em Tucson, no Arizona, no último sábado.
Em discurso acompanhado por mais de 15 mil pessoas no ginásio da Universidade do Arizona, em Tucson, Obama disse que a tragédia não pode ser ser transformada “em mais uma ocasião para colocar uns contra os outros”.
“Em vez de apontar os dedos ou atribuir culpas, vamos usar essa ocasião para ouvir uns aos outros cuidadosamente, para aguçar nossos instintos de empatia e lembrar de todas as maneiras pelas quais nossas esperanças e sonhos estão unidos.”
“Não há nada que eu possa dizer que preencha o vazio repentino em seus corações. Mas saibam que a esperança de uma nação está aqui nesta noite”, afirmou.
Acompanhado da primeira-dama Michelle, o presidente também homenageou deputada democrata Gabrielle Giffords, que permanece internada em estado grave no Centro Médico Universitário de Tucson.
Giffords, 40 anos, foi baleada na cabeça pelo atirador, Jared Loughner, quando comandava um evento político do lado de fora de um supermercado.
O presidente e a primeira-dama se reuniram ainda com sobreviventes e familiares das vítimas do ataque.
Segundo testemunhas, após atingir a deputada, Loughner, de 22 anos, abriu fogo contra o público e só parou ao ser contido por pessoas presentes ao evento.
Ele está preso e responde a diversas acusações. Caso seja considerado culpado, poderá ser condenado à pena de morte.
Vítimas
Obama disse que as vítimas da tragédia representam “o que há de melhor na América”.
Entre os mortos, estão o juiz federal John Roll, de 63 anos, Gabe Zimmerman, de 30 anos, que era assessor de Giffords, e a menina Christina Taylor Green, de nove anos.
“Nossos corações estão partidos”, disse o presidente. “Mas também cheios de esperança pelos que sobreviveram”.
O presidente também agradeceu àqueles que salvaram outras pessoas e ajudaram as vítimas.
“Esses homens e mulheres nos lembram que o heroísmo não é encontrado apenas nos campos de batalha”, disse.
Retórica
O presidente se referiu ao debate surgido logo após o ataque sobre a cada vez mais violenta retórica política que opõe liberais e conservadores nos Estados Unidos.
“Em um momento em que nosso discurso se tornou tão bruscamente polarizado, em um momento em que estamos ansiosos para colocar a culpa por todas as aflições do mundo nos pés daqueles que pensam diferente, é importante parar por um minuto e certificar-se de que estamos conversando uns com os outros de maneira a curar, e não a ferir”, disse.
Uma das principais figuras nesse debate é a ex-candidata republicana à vice-presidência Sarah Palin, que tem sido acusada de incitar a violência e o ódio.
Antes das eleições de novembro, Giffords havia sido incluída em uma lista divulgada por Palin ao lado de 20 congressistas que o movimento conservador Tea Party buscava tirar do poder.
A lista vinha ilustrada com a imagem de uma mira telescópica usada em espingardas.
Nesta quarta-feira, Palin se defendeu publicamente das críticas.
Ela chamou seus críticos de “irresponsáveis” e disse que o ataque foi obra de um “criminoso demente”, e não resultado do debate político.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Mudança climática não pode ser desculpa para falta de ação contra enchentes

BBC Brasil Notícias
Para especialista, urbanização e falta de ações públicas agravam o problema
O aumento da incidência de chuvas em consequência das mudanças climáticas globais não pode servir de desculpa para os governos não agirem para evitar enchentes, na avaliação de Debarati Guha-Sapir, diretora do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres (Cred), de Bruxelas, na Bélgica.
“Não é possível fazer nada agora para que não chova mais. Mas temos que buscar os fatores não ligados à chuva para entender e prevenir desastres como esses (das enchentes no Brasil e na Austrália)”, disse ela à BBC Brasil.
“Dizer que o problema é consequência das mudanças climáticas é fugir da responsabilidade, é desculpa dos governos para não fazer nada para resolver o problema”, critica Guha-Sapir, que é também professora de Saúde Pública da Universidade de Louvain.
Dados
O Cred vem coletando dados sobre desastres no mundo todo há mais de 30 anos. Guha-Sapir diz que os dados indicam um aumento considerável no número de enchentes na última década, tanto em termos de quantidade de eventos quanto em número de vítimas.
Segundo ela, as consequências das inundações são agravadas pela urbanização caótica, pelas altas concentrações demográficas e pela falta de atuação do poder público.
“Há muitas ações de prevenção, de baixo custo, que podem ser adotadas, sem a necessidade de grandes operações de remoção de moradores de áreas de risco”, diz, citando como exemplo proteções em margens de rios e a criação de áreas para alagamento (piscinões).
Para a especialista, questões como infraestrutura, ocupação urbana, desenvolvimento das instituições públicas e nível de pobreza e de educação ajudam a explicar a disparidade no número de vítimas entre as enchentes na Austrália e no Brasil.
“A Austrália é um país com uma infraestrutura melhor, com maior capacidade de alocar recursos e equipamentos para a prevenção e o resgate, com instituições e mecanismos mais democráticos, que conseguem atender a toda a sociedade, incluindo os mais pobres, que estão em áreas de mais risco”, afirma.
Para ela, outro fator que tem impacto sobre o número de mortes é o nível de educação da população. “Pessoas mais educadas estão mais conscientes dos riscos e têm mais possibilidades de adotar ações apropriadas”, diz,
Apesar disso, ela observa que a responsabilidade sobre as enchentes não deve recair sobre a população. “Isso é um dever das autoridades. Elas não podem fugir à responsabilidade”, afirma.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"Obras {contra enchentes} não ficam prontas em 24 horas" E em 20 anos, dá?

“Obras não ficam prontas em 24 horas.”
Quando vi a frase do governador de São Paulo Geraldo Alckmin, destacada pelo Uol Notícias, juro que não acreditei. Pensei que era brincadeira, que ele ia fazer um “Há! Peguei vocês!” logo na sequência.
Até entenderia se ele usasse outra historinha. Sei lá, que Poseidon espirrou em cima da cidade, que a Fundação Cacique Cobra Coral partiu para uma vingança por algum calote dado pelo governo, que São Pedro deixou as portas do céu abertas enquanto jogava uma pelada. Ou, pior, que alguém esqueceu de pendurar o Teru Teru Bozo japonês na árvore antes do início do verão.
Mas ele falou sério, referindo-se ao problema como se não tivesse nada a ver com aquilo. Mas o senhor já foi governador! E o seu partido comanda o Estado há 16 anos. Vai precisar de quanto mais para adotar as obras necessárias que cabem ao governo? Mais quatro, oito? Isso sem contar a prefeitura, que está na mão do maior aliado de seu partido. Segundo reportagem de Maurício Savarese, no Uol, a chuva da madrugada provocou a morte de 13 pessoas no Estado – na contagem até agora. Como é que explicamos isso para essas famílias? Mais duas eleições e aí a coisa engrena?
O fato é que planejar a região metropolitana de São Paulo é algo que aparece só no tempo das chuvas. Na seca, tudo isso vai evapora.
É fato que grande parte dos problemas nunca serão totalmente solucionados, pelo menos não com a nossa classe política e nossa mentalidade cidadã de comemorar o curto prazo e o conforto aparente. Mas há como garantir que vidas não sejam levadas pela falta de políticas de habitação e saneamento. Ou seja, não basta dragar rios (aliás, ação que foi praticamente deixada de lado por um longo tempo) e construir piscinões enquanto jogamos contra em outras ações. Criamos uma faixa nova na Marginal Tietê para a alegria dos nossos carros e, só agora, vamos começar a compensar a área verde perdida?
A natureza pode pegar qualquer um desprevenido, ainda mais quando ela vem com fúria. Mas o nível do impacto é pior quando encontra terreno fértil em descaso.
Fonte:Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto

A Culpa é da Chuva!!!!!!!!!!!

Prefeitura de SP aplica verba contra enchentes em viaduto na Zona Leste

Valor seria usado em obras contra inundações em São Mateus e M’Boi Mirim.
Viaduto deve ser inaugurado em março de 2011.
imprimir A Prefeitura de São Paulo transferiu recursos de ações antienchentes para a construção de um viaduto estaiado no Tatuapé, na Zona Leste da cidade. A medida revoltou moradores de áreas de risco de São Mateus, também na Zona Leste, e de M’Boi Mirim, na Zona Sul, que aguardavam um piscinão e a canalização de um córrego.

A verba reservada neste ano para o viaduto, que deverá ser inaugurado em março de 2011, aumentou 163% em relação à previsão inicial. O salto, de R$ 29 milhões para R$ 76,7 milhões, é o maior entre os projetos viários da Prefeitura.

O viaduto já teve 69% das obras concluídas - em dezembro, o índice não chegava a 30%. A velocidade é explicada ao se observar as transferências financeiras desde 24 de abril. Somente dois remanejamentos somaram R$ 12,8 milhões e vieram de projetos para bairros que ficaram alagados no verão.

De um piscinão para o Córrego dos Machados, por exemplo, em uma área de risco em São Mateus, que ficou submersa em 5 de dezembro, foram retirados R$ 6,7 milhões. Da canalização do Córrego Ponte Baixa, em M’Boi Boi Mirim, foram R$ 6 milhões. Ambos os projetos estão em licitação, sem prazo para conclusão.

O governo municipal também transferiu R$ 26 milhões do Fundo Municipal de Saneamento Ambiental. Outros R$ 2 milhões vieram de um anel viário no Parque Guarapiranga, ainda no papel, e R$ 12,1 milhões de "obras e instalações" em geral.

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) diz que a suplementação foi necessária porque a previsão inicial de gastos, de R$ 49 milhões, foi reduzida pelos vereadores para R$ 26 milhões em dezembro, na votação do orçamento. Sobre a transferência de R$ 26 milhões do Fundo Municipal de Saneamento Ambiental, a prefeitura diz que o fundo ainda não foi constituído e que o remanejamento é legal e previsto em contrato.

Ao G1, a prefeitura afirmou que a transferência de verba das obras nos córregos para o viaduto não é prejudicial porque o projeto está em fase de licitação, portanto, ainda não há obras em andamento.
Fonte: Agência Estado

Com caixa cheio, Kassab não usa verba reservada

Com caixa cheio, Kassab não usa verba reservada

Locais com obras planejadas há anos, como Pompeia, voltaram a alagar

Enquanto a prefeitura usa só parte do dinheiro em córregos e piscinões, verba publicitária bate novo recorde na gestão

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

No ano em que a prefeitura bateu recorde de arrecadação de impostos, a gestão Gilberto Kassab (DEM) investiu menos do que estava previsto no Orçamento em projetos antienchente -parte dos locais que receberiam essas intervenções voltou a alagar.
Segundo a Secretaria de Planejamento, no ano passado, as receitas de impostos cresceram 20,4%, puxadas pelo IPTU (alta de 26,2%), que colocou R$ 835 milhões a mais nos cofres da prefeitura em relação ao ano anterior.
O valor extra é quase o dobro do que Kassab gastou com intervenções antienchente (R$ 430 milhões de um total previsto de R$ 504 milhões). Projetos como canalização de córregos e construção de piscinões tiveram gastos abaixo do previsto.
Parte dos locais alagados nos últimos dias tem obras planejadas há anos, mas que continuam no papel. Em um deles, no final de dezembro, morreu a professora Michele Borges, 29, arrastada pelas águas do córrego Ponte Baixa, em M'Boi Mirim, zona sul.
Tivessem prevalecido os planos da prefeitura, o córrego já estaria canalizado. A obra é incluída no Orçamento desde 2005. Em 2010, a prefeitura previa gastar R$ 20 milhões, mas nada foi feito.
Outro local que alagou anteontem foi a praça General Oliveira Álvares, na Vila Madalena (zona oeste), onde deveria ser feito um piscinão. A prefeitura fez a licitação em 2008, contratou a empresa em 2009, mas nada foi feito.
Em uma das regiões que mais alagam, a Pompeia (zona oeste), a prefeitura nunca tirou do papel o piscinão planejado há anos. Recentemente, o projeto mudou para galerias. Sem a solução prometida, o local deixou carros ilhados no temporal.

PUBLICIDADE
Entre a noite de anteontem e ontem, ao menos seis córregos transbordaram. Investimentos nessa área, como limpeza e canalização, fecharam 2010 abaixo do previsto.
Em outras áreas, a prefeitura gastou o que previa, como em publicidade -R$ 108,9 milhões, quase o dobro de 2009 (R$ 57,8 milhões), novo recorde da gestão.
Segundo a Secretaria de Comunicação, o crescimento foi menor pois em 2009 havia R$ 33 milhões para publicidade nos orçamentos das pastas de Educação e Saúde.
Em 2010, a verba foi utilizada, segundo a prefeitura, em campanhas como as de prevenção da dengue e gripe A e na divulgação de eventos como a Virada Cultural.
Fonte: Folha Online

A Imprensa é co-responsável pelos alagamentos em São Paulo


Inundação do ano passado, repetida em 2011, e em 2012, e em 2013 e...

Digo e repito: o papel da chuva é chover, do governador e dos prefeitos fazer obras de drenagem e macro-drenagem e da imprensa é denunciar as omissões governamentais sejam tucanos ou não os seus mandatários.

Pois bem, todos os alagamentos, inundações e transbordamentos de rios, no Estado de São Paulo, e especialmente na capital e arredores, são decorrência dos ridículos investimentos realizados em drenagem e macro-drenagem, pelos sucessivos governos tucanos e do DEM (prefeitura da capital).

Se esses governantes fossem do PT, as denúncias seriam diárias – como ocorreu com a Marta Suplicy. Nessa ocasião, a imprensa não falava que a chuva provocara inundações. Ela denunciava a prefeitura pela não realização da obra A ou B e martelava nisso o tempo todo.

Ao contrário, durante todo o período de governos tucanos, a imprensa só sabe repetir que a culpa de todos os alagamentos e inundações é da chuva. É só ver as manchetes e submanchetes diárias, nesse período do ano.

A imprensa deveria saber que existe um Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Rio Tietê, que completou 12 anos em dezembro de 2010. (Clique aquipara ter acesso a esse plano)

A imprensa deveria colocar dois ou três bons jornalistas para escarafunchar esse Plano Diretor e ir atrás de informações sobre o estágio atual da sua implementação.

Os projetos futuros do plano diretor, na imagem abaixo, deveriam ser exaustivamente pesquisados.

Como estou certo de que encontrará muita omissão dos governo tucanos, a imprensa deveria denunciar o governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura da capital, levando a opinião pública a pressionar esses governos, parlamentares e entidades da sociedade civil para que as obras necessárias sejam realizadas sem mais protelação.

Mas como a imprensa fará isso se parte dela está comprometida até a medula com os sucessivos governos tucanos e do DEM?

Como eu acho que as Organizações Serra (Globo, Folha, Estadão e Veja, entre outros) não cumprirá o seu papel institucional, então continuaremos com o "reme-reme" de que a chuva – Deus – é a responsável pelo inferno em que é transformada a capital e municípios da Região Metropolitana de São Paulo.

Como exemplo de omissão, ainda hoje (11/1/11), a imprensa está evitando publicar imagens das inundações em São Paulo. Eles fazem de tudo para maquiar a realidade que pode desgastar os governos tucanos e do DEM.

Não bastasse o apagão diário do trânsito de São Paulo, que também é tratado como algo em que não há responsabilidade alguma da prefeitura da capital e do governo estadual.

Enquanto isso, a parte do eleitorado que não votou nem nos tucanos nem no Kassab terá que "comer o pão que o diabo amassou com os pés", sendo castigada por algo sobre o qual não teve qualquer responsabilidade...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ONU lança Ano Internacional para Afro-Descendentes

Em mensagem à Assembléia-Geral, (em 10/12 p.p.) Ban Ki-moon diz que o evento pretende reforçar o compromisso político para erradicar a discriminação.Num discurso  o secretário-geral explicou o objetivo do evento.
  Erradicar a discriminação
Diversidade
Segundo ele, o Ano Internacional tentará fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação a descendentes de africanos. A iniciativa também quer promover o respeito à diversidade e herança culturais.
Numa entrevista à Rádio ONU, de Cabo Verde, antes do lançamento, o historiador guineense Leopoldo Amado, falou sobre a importância de se conhecer as origens africanas ao comentar o trabalho feito com quilombolas no Brasil.
Dimensão
"Esses novos quilombolas têm efetivamente o objetivo primordial de fortalecer linhas de contato. No fundo restituir-se. Restituir linhas de contatos, restituir aquilo que foi de alguma forma quebrada, aquilo que foi de alguma forma confiscada dos africanos, que é a possibilidade de reestabelecer a ligação natural entre aqueles que residem em África, que continuam a residir em África e a dimensão diaspórica deste mesmo resgate. A dimensão diaspórica da África é efetivamente larga e grande", disse.
Ban lembrou que pessoas de origem africana estão entre as que mais sofrem com o racismo, além de ter negados seus direitos básicos à saúde de qualidade e educação.
Declaração de Durban
A comunidade internacional já afirmou que o tráfico transatlântico de escravos foi uma tragédia apavorante não apenas por causa das barbáries cometidas, mas pelo desrespeito à humanidade.
O Secretário-Geral finalizou a mensagem sobre o Ano Internacional para os Descendentes de Africanos, lembrando a Declaração de Durban e o Programa de Ação que pede a governos para assegurar a integração total de afro-descedentes em todos os aspectos da sociedade.

E S

Fonte: Mônica Villela Grayley, da Rádio Onu em Nova York

 

UMA DEMOCRACIA SEM POVO

Fábio Konder Comparato

Suponhamos que alguém entre em contato com um advogado para que este o represente em um processo judicial. O causídico aceita o patrocínio dos interesses do cliente, mas não informa o montante dos honorários, cujo pagamento será feito mediante a entrega de um cheque em branco ao advogado.
Disparate sem tamanho?
Sem a menor dúvida. Mas, por incrível que pareça, é dessa forma que se estabelece a fixação dos subsídios dos (mal chamados) representantes políticos do povo. Com uma diferença, porém: os eleitos pelo povo não precisam pedir a este a emissão de um cheque em branco: eles simplesmente decidem entre si o montante de sua auto-remuneração, pagando-se com os recursos públicos, isto é, com direito do povo.
Imaginemos agora que o advogado em questão, sempre sem avisar o cliente, resolve confiar o patrocínio dos interesses deste a um companheiro de escritório, por ele designado, a quem entrega o cheque em branco.
Contrassenso ainda maior, não é mesmo?
Pois bem, é assim que procedem os nossos senadores, em relação aos suplentes por eles escolhidos, quando se afastam do exercício de suas funções.
Não discuto aqui o montante da remuneração percebida pelos membros do Congresso Nacional, embora esse montante não seja desprezível. Além dos subsídios mensais propriamente ditos – quinze por ano –, há toda uma série de vantagens adicionais. Por exemplo: o “auxílio-paletó” no início de cada sessão legislativa (no valor de um subsídio mensal); a verba que cada parlamentar pode gastar como bem entender no seu Estado de origem; as passagens aéreas gratuitas para o seu Estado; sem falar nas múlti-plas mordomias do cargo, como moradia amplamente equipada, carro oficial e motorista etc. Segundo o noticiado na imprensa, esse total da auto-remuneração pessoal dos membros do Congresso Nacional eleva-se, hoje, à cifra (modesta, segundo eles) de R$114 mil por mês.
Ora, tendo em vista o estafante trabalho que cada deputado federal e senador realiza – eles trabalham, em média, três dias por semana –, resolveu o Congresso Nacional, por um Decreto Legislativo datado de 19 de de-zembro último, elevar o montante do subsídio-base, para a próxima legislatura, em 62% (por extenso, para confirmar a correção dos algarismos: sessenta e dois por cento).
Ao mesmo tempo, consternados com o fato de perceberem remuneração superior à do presidente e vice-presidente da República, bem como à dos ministros de Estado, os parlamentares decidiram, pelo mesmo Decreto Legislativo, a equiparação geral de subsídios.
Acontece que o subsídio dos deputados federais serve de base para a fixação do subsídio dos deputados estaduais e dos vereadores, em todo o país. Como se vê, a generosidade dos membros do Congresso Nacional, com dinheiro do povo, não se limita a eles próprios.
Agora, perguntará o (indignado, espero) leitor destas linhas: – Como pôr fim a essa torpeza?
Pelo modo mais simples e direto: transformando o falso mandato político em mandato autêntico. Ou seja, instituindo entre nós um verdadeiro regime democrático, em substituição ao fraudulento que aí está. Se o povo é realmente soberano, se ele elege representantes políticos para que eles atuem, não em proveito próprio, mas em prol do bem comum do povo, en-tão é preciso inverter a relação política: ao em vez de se submeter aos mandatários que ele próprio elegeu, o povo passa a exercer controle sobre eles.
Alguns exemplos. O povo adquire o poder de manifestar livremente a sua vontade em referendos e plebiscitos, sem precisar da autorização do Congresso Nacional para tanto, como dispõe fraudulentamente a Constitui-ção (art. 49, inciso xv). O povo adquire o poder de destituir pelo voto aqueles que elegeu (recall), como acontece em várias unidades federadas dos Estados Unidos.
Nesse sentido, é de uma evidência palmar que a fixação do subsídio e seus acréscimos, de todos os que foram eleitos pelo voto popular, deve ser referendada pelo povo.
Para tanto, o autor destas linhas elaborou um anteprojeto de lei, apresentado pelo Conselho Federal da OAB à Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados em 2009, instituindo o referendo obriga-tório do decreto de fixação de subsídios, quer dos parlamentares, quer dos membros da cúpula do Executivo. Sabem qual foi a decisão da Comissão? Ela rejeitou o anteprojeto por unanimidade.
Confirmou-se assim, mais uma vez, o único elemento absolutamente constante em toda a nossa história política: o povo brasileiro é o grande ausente. A nossa democracia (“um lamentável mal-entendido”, como disse Sérgio Buarque de Holanda) é realmente original: logramos a proeza de fazê-la funcionar sem povo.

ONU MULHERES

A ONU inaugurou oficialmente em 01 de janeiro p.p., a entidade para a igualdade de gênero das Nações Unidas, ONU MULHERES. A agência une os quatro fundos da ONU dedicados à temática (UNIFEM, INSTRAW, DAW, OSAGI), fortalecendo e ampliando as ações das Nações Unidas na promoção da igualdade, entre homens e mulheres, meninos e meninas.
É a primeira agência da ONU a ter 80% do seu conselho executivo composto por países em desenvolvimento e a ter, desde a sua concepção, a participação da sociedade civil”, ressalta a representante do UNIFEM Brasil Cone Sul Rebecca Tavares.
Criada pela Assembleia-Geral em julho, a agência é fruto de três anos de negociações entre os Estados-membros da ONU e o movimento global de mulheres. O Brasil integra o Conselho Executivo da ONU Mulheres.
A ex presidente do Chile Michelle Bachelet, foi nomeada em setembro sub secretária geral da nova entidade.Em entrevista à rádio ONU, em Nova York, Bachellet falou sobre os processos de unificação dos programas e fundos já existentes e os desafios da ONU mulheres.
Fonte PNUD Brasil

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011