quinta-feira, 3 de março de 2011

Todos Pela Educação. "Crise Escondida"

A educação é uma grande força para a paz, mas também pode ser um vetor de guerra.

As crianças e os sistemas de ensino estão frequentemente no fogo cruzado de um conflito violento. Relatório de Monitoramento sobre Educação para Todos Global 2011 (apresentado em 01 de março), intitulado Uma crise escondida: Conflitos armados e a educação, discute as consequências prejudiciais do conflito para a realização das Metas de Educação.Edulnfo, entrevistou seu diretor Kevin Watkins

Kevin Watkins é diretor  do EPT da UNESCO Relatório  Mundial de Monitoramento de Educação.

Porque o Relatório Mundial de Monitoramento de Educação para todos no mundo centra sua atenção nos conflitos armados?

Kevin Watkins. Conflitos privam  milhões de crianças da escola que poderia tirá-las da pobreza. São um obstáculo consideravel para a EPT, especialmente nos 35 países que sofreram na década que termina em 2008, a maioria dos quais são países de baixa renda e estão no grupo de menor renda média.

A educação é uma grande força para a paz, mas sabemos que também pode ser um vetor de guerra. Os sistemas educacionais podem inflamar as tensões e preconceitos. Quando o conflito termina, é importante assegurar que os currículos e livros didáticos tomaram conhecimento das queixas que podem reavivar as chamas da guerra.

O conflito pode ter impacto sobre os sistemas educativos?

Kevin Watkins. Os conflitos tem consequências desastrosas para os sistemas educativos. Os países pobres afetados por conflito têm as menores taxas de alfabetização, maior desigualdade de gênero e representam 42% de todas as crianças que estão fora da escola no mundo.

Esta é a "crise escondida", a que se refere o título do relatório.

Dois terços das pessoas deslocadas pelo conflito são menores de 18 anos de idade enfrentam enormes obstáculos na obtenção de educação.  Em última instância, os conflitos são prejudiciais à educação e destróem as economias,  aumentam a pobreza e desviam recursos públicos da educação para gastos militares.

O que podem fazer os governos e os doadores de ajuda?

Kevin Watkins. Os governos devem proteger as crianças em idade escolar que se encontram na frente de batalha. Devem proteger as escolas de violência e abuso que estão prejudicando o trabalho educativo. E onde os governos não têm a capacidade ou a vontade de agir, a comunidade internacional deve assumir.

Além disso, após um conflito, os governos podem agir rapidamente para reconstruir o sistema educacional por meio de medidas como a abolição das taxas escolares, construção de escolas, contratação e treinamento de professores e criação de sistemas de gestão ao longo do tempo. 

Apenas 2% do valor de  ajuda dos doadores se destina a educação. Os doadores devem distribuir o risco e reduzir os custos, para que as crianças afetadas por conflitos tenham mais possibilidades de frequentar a escola.

Que função deve desempenhar a comunidade internacional e o sistema das Nações Unidas?

Kevin Watkins. A comunidade internacional deve abolir a  cultura da impunidade que cerca os abusos sexuais e outras formas de violações, o que causa enormes prejuízos ao trabalho educativo. O relatório apela para a criação de uma comissão internacional sobre todas as formas de violência, com o apoio do Tribunal Penal Internacional. É preciso também que a comunidade internacional realize esforços mais vigorosos para apoiar a função da educação na construção da paz,  através do Fundo de Consolidação da Paz e demais organizações, entre elas a UNESCO.
 25.02.2011 
Fonte: UNESCO Educação
http://www.unesco.org/
ES

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