quarta-feira, 27 de abril de 2011

"O que vale para a Anistia, são as ações não os discursos"

Em missão oficial no Brasil, o secretário Geral da Anistia Internacional, Salil Shetty, diz que a percepção de direitos humanos é a que mais o "choca" no país.

Sean Kilpatrick / THE CANADIAN PRESS

Salil Shetty
Foto Sean Kilpatrick/ The Canadian Press

Shetty diz que sua impressão geral no momento é que o Brasil vem adotando um discurso excludente em relação aos direitos humanos. "A percepção pública é que voce tem que optar entre direitos humanos ou segurança pública, ou entre direitos humanos e desenvolvimento".

“Os direitos humanos são visto como um problema, e não como uma oportunidade”, diz. “É visto como algo que vai proteger os bandidos. Isso é muito problemático para o Brasil, especialmente para o novo Brasil que está surgindo.”

O secretário-geral reconhece avanços neste novo Brasil. “Se você compara com o país de 10 anos atrás, não há dúvida de que houve muito progresso. É um dos poucos países a ter um plano nacional de direitos humanos, e tem iniciativas específicas sobre tortura, proteção a testemunhas, defensores de direitos humanos, direitos socioeconômicos”, disse.

“A Bolsa Família fez uma diferença, a desigualdade diminuiu. Nós reconhecemos esses avanços, mas lembramos a eles (as autoridades) das lacunas.

Na quinta-feira, Shetty vai dar uma palestra no Fórum Econômico Mundial para a América Latina, realizado no Rio. Ele afirma que, assim como o governo federal, as corporações brasileiras também terão que respeitar os direitos humanos.

“Se querem crescimento econômico e investimentos estrangeiros, se querem privilégios, prestígio e respeito internacional, têm que respeitar os direitos humanos internamente”, afirma, aludindo aos conflitos recentes envolvendo trabalhadores em grandes obras como Jirau, Santo Antônio e Porto de Açu.

Shetty diz que as revoltas no mundo árabe são um exemplo do que acontece quando os direitos humanos não são respeitados.

“Tunísia tem uma das melhores taxas de crescimento do mundo árabe. Mas explodiu. Se você tem altos níveis de desigualdade e as pessoas não têm uma voz, é insustentável”, afirma. “Você pode ver crescimento, mas se as pessoas que estão embaixo da pilha não vêem o benefício desse crescimento, se não estão participando da tomada de decisões, é insustentável”, afirma.

Matéria Completa  no Estadão

Nenhum comentário: